Folha
de São Paulo, 16-04-2012
SABINE
RIGHETTI
O
Ministério da Saúde alterou o protocolo de tratamento no SUS de AVC (Acidente
Vascular Cerebral), que é hoje a principal causa de morte no país.
A
decisão, publicada nesta sexta-feira (portaria número 665/2012), prevê a
criação de Centros de Atendimento de Urgência para três casos: aplicação de
medicação após o derrame, internação e a reabilitação dos pacientes.
De
acordo com o Ministério da Saúde, os hospitais públicos precisam ser
habilitados para prestar esses atendimentos. Isso significa que as instituições
de saúde ainda levarão um tempo para abrir leitos e treinar seus profissionais
de saúde para tratar casos de derrame com o novo protocolo.
Com a
decisão, o governo coloca o alteplase na lista de medicamentos oferecidos de
graça pelo SUS. Ele é o único remédio aprovado no Brasil para AVC isquêmico,
que representa 85% dos casos de derrame.
Aplicado
por via endovenosa, no hospital, o alteplase percorre a circulação até chegar
ao vaso sanguíneo cerebral que está obstruído por um coágulo. A medicação desfaz
o coágulo, desentupindo a circulação e normalizando o fluxo sanguíneo que chega
ao cérebro.
O
medicamento diminui em 31% o risco de sequelas do AVC e em até 18% a
mortalidade dos pacientes.
ALTO
CUSTO
O
medicamento estava fora da lista dos remédios gratuitos do SUS por causa do seu
alto custo: a dose única sai por cerca de R$ 3.500.
Apesar
do valor, a matemática vale a pena. Um estudo do Instituto Nacional de Ciência
e Tecnologia para Avaliação de Tecnologias em Saúde mostrou que o governo
economiza cerca de R$ 1.000 por paciente ao custear medicamento, em vez de
tratar as sequelas ou gastar com previdência social.
De
acordo com o Ministério da Saúde, o governo pretende investir R$ 437 milhões
até 2014 para a assistência a vítimas de AVC --o que inclui os gastos com a
medicação.
A cada
ano, 16 milhões de pessoas no mundo têm AVC, das quais seis milhões morrem. No
Brasil, foram registrados 99.159 óbitos por causa de AVC em 2010.
AÇÃO
A
decisão do governo veio após uma ação civil pública conduzida pelo Ministério
Público Federal para que o medicamento fosse incluída na lista dos gratuitos do
SUS.
A ação
foi motivada após a Folha ter publicado uma reportagem, em 2009, sobre a
suspensão da proposta de distribuição gratuita do alteplase no sistema público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário