Estado de São Paulo, 26-04-2012
Após
13 anos tramitando no Congresso, a Câmara dos Deputados aprovou ontem o
texto-base do novo Código Florestal. Foram 274 votos a favor, 184 contrários
e duas abstenções. O texto aprovado mantém a obrigatoriedade de recompor a
margem de rios com até dez metros de largura com vegetação nativa. Essa é uma
das principais polêmicas do novo código e a questão mais importante para os
ruralistas. O texto seguirá para sanção da presidente Dilma Rousseff. Os
ambientalistas consideraram o resultado desastroso.
Câmara
aprova texto básico do Código Florestal
Foi
aprovado nesta quarta-feira, 25, pela Câmara dos Deputados, o texto básico do
parecer apresentado pelo relator, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), sobre o novo
Código Florestal. O documento representa a reforma de lei que regula o uso da
terra e propõe ampliar as áreas de cultivo em regiões até agora protegidas,
como a Amazônia. Após a votação nominal, com o fim da análise dos destaques,
a matéria será enviada à sanção presidencial.Relatório de Paulo Piau
(PMDB-MG) favorece a bancada ruralista; texto vai a sanção presidencial.
Nessa
primeira votação, os deputados apontavam se eram a favor do texto do Senado
com parecer contrário de Piau. A maioria rejeitou o dispositivo que foi
aprovado no Senado: 274 votos favoráveis ao relatório de Piau e 184 contra o
relator, ou seja, concordando com o texto do Senado. "Foram duas
vitórias importantes, a do texto do Senado – que melhorou muito o texto da Câmara
– e a do meu texto, que melhora o do Senado", disse Piau, segundo a
agência Câmara.
O
primeiro destaque, do PT, já foi rejeitado e retirou do texto a definição
dada para pousio (período sem uso do solo). O partido pretendia manter a
definição do Senado para pousio – a de interrupção temporária de atividades
de uso agrícola ou pecuário do solo por, no máximo, cinco anos em até 25% da
área produtiva da propriedade.
Foi
aprovado o destaque do bloco PSB-PCdoB que incluiu texto da Câmara que não
considera apicuns e salgados como áreas de preservação permanente (APPs).
O
Plenário também aprovou o destaque do PRB e retirou do texto a necessidade de
os planos diretores dos municípios ou suas leis de uso do solo observarem os
limites gerais de áreas de preservação permanente (APPs) em torno de rios,
lagos e outras formações sujeitas a proteção e outras formações sujeitas a
proteção em áreas urbanas e regiões metropolitanas.
O
destaque do PT ao Código Florestal (PL 1876/99), que exclui regra sobre
regularização de fazendas de camarão com ocupação irregular ocorrida até 22
de julho de 2008, também foi aprovado.
O
Plenário ainda rejeitou destaque do bloco PSB-PCdoB e manteve no texto a
possibilidade de o Poder Público reduzir a reserva legal para até 50% em
áreas de floresta na Amazônia Legal se o imóvel estiver situado em estado com
mais de 65% do território ocupado por unidades.
Na
votação dos destaques, o plenário excluiu a obrigatoriedade de agricultor
familiar recompor vegetação e rejeitou o destaque do PSC, confirmando a
retirada do texto da regra de recomposição de vegetação nativa em imóveis de
agricultura familiar e naqueles com até 4 módulos em torno de rios maiores
que 10 metros.
O
líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), ressaltou que 91% dos
estabelecimentos rurais têm até 4 módulos, mas os restantes detêm 60% da
terra usada. Ele ressaltou que, na discussão do tópico atual, “cai por terra
o argumento de que quem vai pagar é o pequeno, aqui o custo é para os
grandes”.
O
Plenário rejeitou o destaque do PT e foi retirada do texto a prerrogativa dos
conselhos estaduais de meio ambiente de definir as extensões e os critérios
para recomposição de APP em torno de rios maiores que 10 metros de largura se
o imóvel tiver área superior a 4 módulos. Também foi retirada do texto, por
meio de destaque do DEM, a obrigatoriedade de recompor 30 metros de mata em
torno de olhos d’água nas áreas de preservação permanente ocupadas por
atividades rurais consolidadas até 22 de julho de 2008.
O
último destaque, do PV, foi rejeitado. O partido pretendia manter no texto a
proibição de manter áreas rurais consolidadas dentro de unidades de
conservação de proteção integral criadas até a data de publicação da futura
lei. Dessa forma, a proibição foi retirada do projeto.
Entre
os que opinaram, nesta quarta, a favor da matéria apresentada por Paulo Piau,
estão:
- Deputado
Ronaldo Caiado (DEM-GO): "O texto do Senado não é esclarecedor. Apoio o
relatório do deputado Paulo Piau"
- Deputado
Eleuses Paiva (PSD-SP): "Esse relatório é o que mais valoriza a pequena
agricultura"
- Deputado
Lira Maia (DEM-PA): "O Código Florestal não traz solução para tudo, mas
vai ajudar a resolver essas questões ambientais. O relatório é uma inovação e
menos pior do que o apresentado no Senado"
- Deputado
Moreira Mendes (PSD-RO): "Nós estamos votando para diminuir área
plantada, quando o mundo passa fome. Vamos estender a mão ao produtor.
Reserva legal é só conversa fiada"
- Deputado
Luis Carlos Heinze (PP-RS): "Irresponsável é quem vai tirar hectares dos
pequenos produtores rurais. Queremos corrigir essa distorção, tirar as terras
de brasileiros para que sejam aprovadas como reservas legais"
- Deputado
Vilson Covatti (PP-RS): "Queremos trazer segurança jurídica para quem
produz alimentos em nosso País, garantindo que os córregos, as terras, não
sejam alteradas como reserva legal"
- Deputado
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN): "Quero declarar ao Brasil que
represento nosso partido a favor do relatório de Paulo Piau. Nós queremos que
a produção agrícola brasileira também honre o País"
E
contra a matéria:
- Deputado
Zé Geraldo (PT-PA): "Voto a favor do texto do Senado"
- Deputado
Paulo Teixeira (PT-SP): "O relatório do Senado é mais equilibrado e pode
evitar que se prejudique o pequeno e o médio produtor"
- Deputado
Márcio Macedo (PT-SE): "O relatório de Paulo Piau quebra o acordo
político já existente. Vai permitir que o desmatamento possa aumentar. O
ideal é o texto do Senado"
- Deputado
Bohn Gass (PT-RS): "Se esse relatório for aprovado, estaremos perdendo
hoje a grande oportunidade de termos uma sustentabilidade que combine
produção de alimentos e preservação ambiental. Vamos dar anistia aos
latifundiários e não dar atenção especial ao pequeno produtor"
- Deputado
Ricardo Tripoli (PSDB-SP): "Vou contra o parecer do deputado Paulo Piau
porque não é do pequeno produtor que estamos falando. Eles não serão
prejudicados"
- Deputado
Alfredo Sirkis (PV-RJ): "Estamos com os olhos do mundo voltados para
nós, próximo da Rio+20. E essa Casa se prepara para dar um espetáculo de
farsa. O que se pretende aqui é defender os pequenos proprietários e acabar
com os especuladores e grandes latifundiários"
- Deputado
Jilmar Tatto (PT-SP): "Não vamos votar nesse relatório do Paulo Piau
porque significa um retrocesso. Voto a favor do texto do Senado".
|
quarta-feira, 2 de maio de 2012
NOTÍCIA: NOVO CÓDIGO FLORESTAL APROVADO SEM ANISTIA
Novo Código Florestal é aprovado sem anistia
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Marcadores
- AÇÃO SOCIAL (22)
- ARTIGO (176)
- CAMPANHA (20)
- DICA (5)
- ENTREVISTA (10)
- EVENTO (5)
- FILME (35)
- LEGISLAÇÃO (15)
- MENSAGEM (19)
- NOTÍCIA (527)
- PESQUISA (10)
- RECEITA (42)
- REFLEXÃO (133)
- REPORTAGEM (278)
- TURISMO (1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário