Aratu
Online, 17-04-2012
O
Ministério da Saúde vai investir R$ 15 milhões em terapia celular em 2012. A
maior parte do recurso – R$ 8 milhões – será voltada para concluir a
estruturação de oito Centros de Terapia Celular, que ficarão responsáveis pela
produção nacional de pesquisas com células-tronco. Atualmente, grande parte dos
insumos utilizados nas pesquisas com células-tronco realizadas no Brasil são
importados.
Os
outros R$ 7 milhões serão aplicados em editais de pesquisa abertos ainda este
ano. O anúncio foi feito pelo ministro Alexandre Padilha, durante a abertura do
Encontro com a Comunidade Científica 2012, realizada na noite de segunda-feira
e que segue até quarta-feira (18), no Edifício Brasil 21, em Brasília.
“O
objetivo é incentivar a independência tecnológica do País e proporcionar
autonomia produtiva e know how numa das áreas mais inovadoras da saúde”,
explicou o ministro.
Com
esta ação, o governo quer ampliar o uso da medicina regenerativa na recuperação
de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), em tratamentos como regeneração
do coração, movimento das articulações, tratamento da esclerose múltipla.
“O know
how de produção de suas próprias células-tronco, embrionárias e adultas, vai
baratear as pesquisas na área e possibilitar a produção em escala para uso
comercial”, explicou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Carlos Gadelha.
“A
intenção é tornar esses centros aptos a subsidiar hospitais públicos e privados
na recuperação de órgãos de pacientes”, afirma o secretário. A terapia celular
ainda não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina brasileiro, o uso em
pacientes só é permitido no âmbito das pesquisas clínicas.
A
exceção é o uso das células-tronco derivadas da medula óssea humana, que já vêm
sendo empregadas com sucesso no tratamento de pacientes com hematológicas, como
leucemias e anemias. Os oito Centros de Tecnologia Celular estão localizados em
sete municípios do país: três na Universidade de São Paulo na capital paulista
(USP-SP), um na USP-Ribeirão, um na Universidade do Rio Grande do Sul, um na
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-Paraná), em Curitiba, um no Instituto
Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro e um no Hospital San Rafael, em
Salvador (BA).
Três
deles já estão em atividade – o de Curitiba, o de Salvador e o de Ribeirão
Preto –, com recursos do Ministério da Saúde. Os outros cinco estão em fase de construção.
O mais avançado é o da PUC-Paraná, que tem pesquisas concluídas, já produz
células-tronco adultas e aguarda autorização da Anvisa para ampliarem a
produção para escala comercial. Já deu suporte a cinco pesquisas clínicas
envolvendo 80 pacientes cardíacos.
Alguns dos pacientes voluntários nas
pesquisas do centro da PUC-Paraná tinham anginas intratáveis que lhes
impossibilitavam de fazer qualquer esforço físico, mas, com o tratamento,
tiveram seus corações recuperados e hoje têm vida normal, com prática constante
de atividade física.
O
centro já começou a produzir célula-tronco para uso em cartilagem, os chamados
condrócitos, e aguarda liberação do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa
(Conep) para realizar pesquisas envolvendo a regeneração de articulações de
joelho e do quadril. A USP Ribeirão Preto está desenvolvendo pesquisas na área
de diabetes.
No
Hospital San Rafael, em Salvador, os estudos são em traumatismo de medula óssea
e fígado. Os centros começaram a ser criados em 2008, quando o Ministério da
Saúde criou, em parceria com Finep, BNDES e CNPq, a Rede Nacional de Terapia
Celular, constituída por 52 grupos de pesquisadores envolvidos em estudos
principalmente de tratamento de doenças autoimunes, como diabetes, esclerose
múltipla e traumatismo de medula. Esta foi uma iniciativa inédita em termos de
pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico na área da medicina
regenerativa em todo o mundo.
O
Encontro com a Comunidade Científica 2012 reúne cerca de 600 pesquisadores de
todo o país. O investimento tem terapia celular faz parte de um pacote de
investimentos de R$ 165 milhões em pesquisas em 2012. Serão publicados seis
editais em diferentes áreas. Os demais recursos vão para doenças
negligenciadas, pesquisa clínica, avaliação de tecnologias, coortes e gestão do
trabalho e educação em saúde.
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