Correio
do Brasil, 18-04-2012
O
Ministério da Saúde anunciou investimento
de R$ 15 milhões em pesquisa e produção de células-tronco em escala comercial.
Parte dos recursos – R$ 8 milhões – irá
para a conclusão de oito centros nacionais de terapia celular. O restante
será aplicado em pesquisas na área, com editais previstos para este ano.
A
terapia celular ainda não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina
brasileiro, o uso em pacientes só é
permitido no âmbito das pesquisas clínicas. A exceção é o uso das
células-tronco derivadas da medula óssea humana, que já vêm sendo empregadas
com sucesso no tratamento de pacientes com hematológicas, como leucemias e
anemias.
A ideia
do governo é ampliar o uso terapêutico
das células-tronco em pacientes da rede pública de saúde, como em casos de recuperação do coração, movimento das
articulações e tratamento de esclerose múltipla. Outro objetivo é dar condições aos centros nacionais de
produzir quantidade suficiente para abastecer os hospitais públicos e
particulares, que dependem, na maioria dos casos, de material importado.
Três
centros já funcionam – em Curitiba (PR), Salvador (BA) e Ribeirão Preto (SP),
os outros cinco estão em fase de construção. O mais avançado é o da PUC-Paraná,
que tem pesquisas concluídas, já produz células-tronco adultas e aguarda
autorização da Anvisa para ampliarem a produção para escala comercial. Já deu
suporte a cinco pesquisas clínicas envolvendo 80 pacientes cardíacos.
Alguns
dos pacientes voluntários nas pesquisas do centro da PUC-Paraná tinham anginas
intratáveis que lhes impossibilitavam de fazer qualquer esforço físico, mas,
com o tratamento, tiveram seus corações recuperados e hoje têm vida normal, com
prática constante de atividade física. O centro já começou a produzir célula-tronco
para uso em cartilagem, os chamados condrócitos, e aguarda liberação do
Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para realizar pesquisas
envolvendo a regeneração de articulações de joelho e do quadril.
A USP
Ribeirão Preto está desenvolvendo pesquisas na área de diabetes. No Hospital
San Rafael, em Salvador, os estudos são em traumatismo de medula óssea e
fígado.
Os
centros começaram a ser criados em 2008, quando o Ministério da Saúde criou, em
parceria com Finep, BNDES e CNPq, a Rede Nacional de Terapia Celular,
constituída por 52 grupos de pesquisadores envolvidos em estudos principalmente
de tratamento de doenças autoimunes, como diabetes, esclerose múltipla e
traumatismo de medula. Esta foi uma iniciativa inédita em termos de pesquisa
científica e desenvolvimento tecnológico na área da medicina regenerativa em
todo o mundo.
O uso
de células-tronco derivadas da médula óssea apresenta bons resultados no
tratamento de doenças no sangue, como leucemia e anemias, de acordo com o
Ministério da Saúde.
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