terça-feira, 11 de outubro de 2011

REPORTAGEM: TELESSAÚDE BORBOLETA - PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA

Telessaúde pretende melhorar programas de saúde da família
Centro de Saúde Escola do Butantã participou do projeto Borboleta
Agência USP de Notícias, 04-10-2011

CO Instituto de Matemática e Estatística (IME), junto com a Faculdade de Medicina (FMUSP) e o Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa (CSEB), que fica no bairro do Butantã, em São Paulo, uniram-se em parceria e desenvolveram o programa de telessaúde Borboleta, que tem como principal modernizar o serviço de Atenção Domiciliar Primária do CSEB.

Trata-se de um projeto multidisciplinar e que pode trazer um grande benefício a sociedade”, opina Rafael Correia, pesquisador do IME que participou do desenvolvimento do sistema.

O Borboleta é um software de código aberto, programado em linguagem Java, que será utilizado pelas equipes do programa de saúde da família do CSEB.

O projeto visa otimizar não só o registro dos acompanhamentos, mas também o agendamento de visitas, anteriormente feito sem um controle mais efetivo, além da criação de um catálogo de doenças e de um sistema de controle da demanda por medicamentos — somente este último não está completo, de acordo com o pesquisador.

Ainda em fase de testes, prevê-se que, a partir da utilização do Borboleta, haja um aumento na produtividade da equipe médica. “Indiretamente, isso pode levar a um aumento na precisão dos dados, o que deve gerar uma eficiência maior nos atendimentos. Além disso, há a possibilidade de se dedicar mais ‘atenção’ aos pacientes, embora esse último seja um aspecto bem subjetivo”, acredita, enfatizando que, “com a Tecnologia da Informação (TI), toda a documentação física pode ser transformada em eletrônica, trazendo vantagens como buscas mais fáceis por dados e menor custo de armazenamento”.

O projeto teve início em 2007. “Foi um grande desafio, porque, na época, tanto os aparelhos portáteis quanto os sistemas para desenvolvimento de programas dedicados a eles eram rudimentares”, relembra Correia.

O Borboleta, que foi programado na linguagem de computadores Java, é na verdade parte de outro sistema chamado Sagui Saúde, que serve como um servidor, dando suporte ao Borboleta. O Sagui, por sua vez, foi desenvolvido na plataforma Rub on Rails — utilizada também, por exemplo, pelo site Twitter — e usa o sistema Postgre SQL como banco de dados.

Os dados inseridos pelos agentes de família no Borboleta são, portanto, armazenados dentro do Sagui, por intermédio do Postgre SQL. “O Borboleta é voltado puramente para a ADP, enquanto o Sagui Saúde é muito maior e procura englobar outros aspectos mais gerais, como o gerenciamento de todo o CSEB”, explica o pesquisador.

Simplicidade A utilização de smartphones dará mobilidade aos agentes do CSEB
Ambos os sistemas fazem parte do Arca, grupo de estudos do IME que desenvolve softwares livres, em código aberto (OpenSource). “Isso significa que, se o processo de atendimento dos agentes de saúde for semelhante, o sistema poderá ser adaptado para utilização em qualquer lugar do mundo”, diz Correia. Assim como os outros programas do grupo, que possuem nomes de animais em homenagem à Arca de Noé, o Borboleta tem esse nome pela liberdade e simplicidade do bicho que o inspirou.

Vale dizer que o Borboleta foi desenvolvido de maneira dedicada para o procedimento dos agentes de família do CSEB — um sistema que tem particularidades em relação ao programa Saúde da Família, adotado em todo o País. Uma das diferenças principais é a quantidade de dados captados pelos agentes: o número de informações colhidas pelas equipes do Centro de Saúde é bem maior que no projeto federal, o que gera uma via de duas mãos.

“Por um lado, não tivemos problemas na fase de adaptação dos agentes do CSEB ao programa, porque eles participaram do desenvolvimento. Pelo outro, isso dificulta a adoção do Borboleta por outros centros de saúde que possuam rotinas diferentes de atendimento”, conta o cientista. Outra característica do programa é que ele pode ser utilizado em qualquer aparelho portátil que consiga rodar a linguagem Java, sendo assim multiplataformas.

Entretanto, o pesquisador conta que uma empresa criada por um ex-aluno de seu orientador, junto ao professor Arlindo Flávio da Conceição, do campus de São José dos Campos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), está atualmente desenvolvendo um programa semelhante, mas dedicado ao procedimento do Saúde da Família, após ter ganho um financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério de Ciência & Tecnologia. “Eles estão baseando o programa deles na plataforma Android. Com isso, perde-se a facilidade de ser multiplataformas, mas acaba-se ganhando em funcionalidade”, avalia Correia.

O desenvolvimento do Borboleta fez parte da dissertação de mestrado de Rafael Correia, Borboleta: um sistema de telessaúde para auxílio à atenção primária domiciliar, no Instituto de Matemática e Estatística, sob a orientação do professor Fábio Kon. A defesa ocorreu em fevereiro de 2011.

Mais informações: email rafaemj@ime.usp.br

2 comentários:

  1. Patrícia,

    Muito bom o seu post. Já tinha ouvido falar do Projeto Borboleta, comtudo não entendo bem qual é a relação dele como o Telessaúde que é basicamente uma rede nacional de dados de saúde. O artigo não é claro nesse sentido. Voce pode me dar mais informações sobre isso. Estou fazendo uma pesquisa aqui nos U.S. Muito obrigado, se vc puder mande me um e-mail m_taquechel@comcast.net

    Obrigado

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  2. O Projeto Borboleta é uma iniciativa de sofware livre que tem como objetivo investigar ferramentas móveis avançadas para a coleta de dados provenientes de programas de atenção básica domicilar. Para maiores informações, acesse a página (http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/45/45134/tde-04052011-155927/pt-br.php), nele você encontrará o “pdf” de um artigo que explica melhor sobre o assunto. E para complementar a sua busca, leia também: (http://ccsl.ime.usp.br/borboleta/). Espero poder ter ajudado. Agradeço por acompanhar o Blog Gera Saúde!!!

    Att,
    Enfª Patrícia Trasmontano.

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