Tecnologia para melhorar o condicionamento físico
Protec, 10-10-2011
Os recursos da nanotecnologia chegaram para ficar em alguns segmentos industriais, com aplicações diversas. A Dublauto, empresa têxtil voltada à produção de componentes para a indústria calçadista, desenvolveu uma linha de palmilhas e forros para tênis que têm a vantagem de deixar o pé sempre seco. A novidade é composta por três camadas e envolve recursos de nanotecnologia, borracha EVA e não tecido especial.A Dublauto, com fábricas no interior de São Paulo e no Rio Grande do Sul, conseguiu esses avanços graças a um trabalho desenvolvido a partir de 2007 e que exigiu parcerias com universidades para a realização de projetos, além do apoio e subvenções da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
"Com a entrada de produtos têxteis do exterior, percebemos que a única forma de nos mantermos no mercado era aprofundar pesquisas em produtos inovadores", explica um dos sócios, Evandro Wolfart. Desde 2008, a empresa investiu R$ 1 milhão em projetos de inovação.
Caminho semelhante trilha a paulista NCS Indústria e Comércio de Aparelhos Hospitalares, que desenvolveu e produz o Respiron. Esse aparelhinho portátil é destinado à recuperação de pessoas com problemas respiratórios, como a asma.Desenvolvido pela NCS nos anos 1990, o Respiron acaba de ganhar uma versão destinada ao uso de atletas e pessoas que querem melhorar o condicionamento respiratório para aprimorar também o desempenho físico, já que a respiração adequada é fundamental para a prática de qualquer esporte.
Pedro Cunha Chocair, diretor da NCS, explica que a nova linha foi baseada no conceito denominado pela comunidade médica mundial de Treinamento da Musculatura Inspiratória (TMI). Ele despertou a consciência sobre a necessidade do fortalecimento dos músculos do sistema respiratório. "A partir dessa última década, esse conceito se mostrou benéfico para um grupo maior de pessoas, incluindo atletas de alto rendimento, cantores e até esportistas amadores em busca de melhor qualidade de vida", diz o diretor da NCS.
Foi a partir das evidências sobre a consolidação do conceito, que a empresa decidiu reforçar seu posicionamento no segmento. Assim, foi lançada a linha complementar do Respiron, voltada para uma aplicação profissional. A exemplo dos equipamentos de condicionamento físico, os novos aparelhos possuem diversos níveis de dificuldades e exigências respiratórias, atraindo um novo público. Animada, a NCS estuda a ampliação de sua atuação na área de musculatura respiratória e agora realiza negociações com uma empresa do Reino Unido. Sua intenção é conseguir se associar a ela, para consolidar sua posição no campo esportivo.
Tecidos dão conforto ao esportista
Entre os vários projetos inovadores desenvolvidos pela Dublauto, houve a preocupação de incorporar elementos da biodiversidade brasileira aos novos produtos. Para isso, a companhia destinou recursos e desenvolve pesquisas em diversas áreas. Uma das mais promissoras é realizada em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Social da Indústria (Sesi) e é voltado para atletas e esportistas. O projeto prevê a incorporação de produtos da Amazônia em tecidos e componentes de tênis e calçados esportivos com o objetivo de reduzir o desconforto dos atletas. Segundo Evandro Wolfart, o projeto consiste em introduzir nos tecidos, forros e demais componentes de tênis e calçados, com a ajuda da nanotecnologia, minúsculas cápsulas com óleos extraídos da flora amazônica com propriedades analgésicas, cicatrizante e antiinflamatórias.
"O princípio é que essas microcápsulas, quando atritadas pelo uso, liberem essas essências e óleos, aliviando dores, reduzindo câimbras e o desconforto gerado pela atividade esportiva", diz Wolfart. Além de atletas de alto rendimento, o produto poderá ter aplicação em calçados para bailarinas e para esportistas amadores. As pesquisas estão avançadas e o empresário espera ter um produto final em cerca de dois anos. Seu otimismo se justifica pelo fato de o mesmo princípio das micropartículas com óleos e essências da biodiversidade amazônica já ter sido aplicado, com sucesso, pela empresa em um produto que está em fase final de preparação e deverá ser lançado ainda este ano. Trata-se de um tecido com capacidade para repelir insetos. Esse produto não se destina ao mercado de medicina esportiva. Deverá ter como foco o segmento pet, uma vez que uma de suas aplicações é repelir e até eliminar pulgas em cães domésticos.
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