quarta-feira, 6 de março de 2013

ARTIGO: DESCARTE DO LIXO HOSPITALAR


DESCARTE DO LIXO HOSPITALAR
(Por Programa Proficiência - Fase V/ COFEN)


É de conhecimento comum que o lixo hospitalar é, assim como todos os outros tipos de lixo, uma questão delicada e um desafio às autoridades quanto à melhor forma de não só manuseá-lo como também de processá-lo. Por muito tempo o impacto dos resíduos da sociedade como um todo foi negligenciado, mas este tema tem sido alvo de constantes discussões nos últimos anos, não só por consequência do aumento exacerbado de resíduos em decorrência do salto no quantitativo populacional em todo mundo, mas também pelos efeitos climáticos adversos e intensos a que temos sido alvo.

O movimento ecologista ocasionou uma nova possibilidade e uma significativa contribuição para a saúde pública, decorrente da perspectiva da revalorização do ambiente, como um componente da saúde e pela demonstração de situações de nocividades acarretadas pelos processos produtivos e outras atividades antrópicas, as quais incidem de maneira negativa na saúde e na biosfera, e que são submissos aos modelos que comandam o desenvolvimento econômico, de ciência e de tecnologia, os quais não demonstram interesses com o desenvolvimento social nem com a proteção do meio ambiente e da biodiversidade. (RAMOS et al., 2011, p.3554).

Apenas no Brasil, estima-se que diariamente sejam gerados 230 mil toneladas de resíduos, sendo que parte considerável deste montante não recebe o tratamento adequado, resultando em risco aumentado a contaminação do solo, atmosfera e coleções d’agua (BRASIL, 2006; SANTOS; SOUZA, 2012).

Além disso, e de grande relevância para a saúde pública, o mau processamento dos resíduos produzidos acabam por contribuir para proliferação de agentes infecciosos e vetores de várias patologias (SANTOS; SOUZA, 2012).

Para traçar estratégias de atuação e de identificação de fatores de risco é de fundamental importância que os profissionais se apropriem do conhecimento da legislação que especifica as peculiaridades do gerenciamento de resíduos. Também somos diretamente responsáveis pela produção de resíduos potencialmente prejudiciais à saúde ambiental, e, por consequência, à saúde (SANTOS; SOUZA, 2012).

Torna-se relevante que façamos o exercício de encarar os problemas ambientais de maneira não distanciada a nós e a nossas práticas. Muitas das respostas e justificativas percebidas, por grande parte dos indivíduos, estão pouco imbuídas de conhecimento ao falar sobre saúde ambiental. Nós nos acostumamos e somos em grande parte das vezes tendenciosos ao uso de termos e expressões generalistas sobre como enfrentar os problemas conhecidos de maneira concreta.

A educação é o meio pelo qual a população conseguirá perceber as origens dos problemas e se apropriar do conhecimento sobre as estratégias de intervenção necessárias. Dessa forma, com participação social, as soluções serão construídas coletivamente e o processo se reverterá no sentido da saúde de forma gradual, mas duradoura.

Educação em ciência, saúde e meio ambiente demanda trocas culturais das quais participam todos os atores sociais: cientistas, profissionais da saúde, professores, trabalhadores rurais, escolares, entre outros; todos igualmente importantes na luta por melhores condições de vida e saúde. Melhores condições de vida são fruto de conquista, de trabalho em educação ambiental integrado à educação em saúde. Deve ser desenvolvido para que as populações possam reivindicar o direito à saúde garantida por lei.



Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005 traz ainda alguns critérios mínimos para a disposição final de Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS), onde se devem considerar aspectos ligados à seleção de área, seguindo-se orientações quanto ao zoneamento ambiental, respeitando-se o proposto por órgãos ambientais. Além disso, é discutida a importância da segurança e sinalização dentro dos critérios mínimos para a disposição final, bem como quanto aos aspectos técnicos e quanto a própria disposição final dos resíduos.

Conforme o observado, o Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde consiste num modelo de indicação de todo o trajeto a ser percorrido pelo lixo hospitalar, desde o momento de sua dispensação até sua destinação e disposição final (BRASIL, 2006).

Assim, por meio de sua aplicação, são previstos benefícios tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente e instituições de saúde (DOI, MOURA, 2011). Ao processar os resíduos o serviço de saúde poderá contribuir para a redução de exposição ocupacional e dos pacientes, bem como evitando-se um ambiente insalubre e contribuindo para a redução dos índices de incidência de infecções hospitalares.

De forma complementar a RDC Anvisa 306/04 e a Resolução CONAN 358/05 classificam os RSS em grupos (A, B, C, D e E):

Grupo A – componentes de maior potencial de infecção por possuírem agentes biológicos. Exemplo: tecidos, bolsas transfusionais, placas e lâminas de laboratório;

Grupo B – substâncias químicas, podendo ser corrosivas, reativas, tóxicas e inflamáveis. Exemplo: fármacos, reagentes de laboratórios, resíduos contendo metais pesados;

 Grupo C – materiais que contenham radionucleotídeos acima das quantidades limítrofes estabelecidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Exemplo: serviços de radioterapia, medicina nuclear;

Grupo D – resíduos que não apresentam riscos à saúde ou ao meio ambiente. Exemplo: resíduos de escritório e da cozinha;

Grupo E – Materiais perfurocortantes. Exemplo: agulhas, ampolas de vidro, lâminas de bisturi(BRASIL, 2004; BRASIL, 2005).

SAIBA MAIS:


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Marcadores