Teste usa "biópsia
líquida" para detectar câncer pelo sangue
Técnica analisa pedaços de DNA dos tumores que passam a
circular na corrente sanguínea. Estudo comprovou eficácia do exame,
especialmente em tumores avançados no pâncreas e ovário
20/02/2013 - Veja/ Diagnóstico
Biópsia líquida: Método é relativamente simples, rápido e não
invasivo. Um estudo publicado nesta quarta-feira comprovou a eficácia de uma
técnica que, em um futuro próximo, poderá
permitir o monitoramento do câncer por meio de exames de sangue e, talvez,
em um futuro um pouco mais distante, a
detecção precoce de tumores pequenos demais para serem percebidos pelos métodos
de diagnóstico convencionais.
Apelidada de “biópsia
líquida”, a estratégia é baseada na análise
de pedaços de DNA que vazam dos tumores para a corrente sanguínea, chamados de
DNA tumoral circulante (ou ctDNA, na sigla em inglês). Eles funcionam como
impressões digitais da doença, que os cientistas podem “ler” para extrair
informações genéticas essenciais para a caracterização do tumor e a seleção do
melhor curso de tratamento.
A principal vantagem
seria a possibilidade de monitorar
continuamente a doença por meio de um método relativamente simples, rápido e
não invasivo. É uma técnica mais prática do que as biópsias convencionais
de tumores, que muitas vezes estão em locais de difícil acesso no corpo, além
de ser mais informativa do que o monitoramento de outros marcadores
moleculares, como o PSA, relacionado ao câncer de próstata.
“É uma estratégia que, provavelmente, vai ter uma utilidade
clínica muito grande”, diz Suely Marie, pesquisadora brasileira do Departamento
de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e uma
das autoras do estudo.
A pesquisa, feita por uma equipe internacional de
pesquisadores, foi coordenada pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados
Unidos. Os resultados foram publicados na revistaScience Translational Medicine.
Testes — O estudo fez uso do ctDNA na detecção e
caracterização de tumores de 640 pacientes com vários tipos de câncer. A
eficácia da técnica variou entre 50% e 75%, dependendo do tipo de tumor e do
estágio da doença. A eficiência mais alta foi na detecção de tumores avançados
do pâncreas, ovários, intestino, bexiga, esôfago, mama e pele. A mais baixa foi
para tumores primários nos rins, próstata, tireoide e no cérebro — órgão no
qual o trabalho da pesquisadora brasileiras está mais focado.
“Estamos na luta ainda para encontrar biomarcadores
eficientes para tumores do sistema nervoso central”, afirma Suely. A
dificuldade, neste caso, deve-se a uma barreira natural de membranas que isolam
o cérebro e a medula espinhal do sistema circulatório em geral.
A aplicação mais imediata da técnica, segundo Suely, deverá
ser no monitoramento de casos de câncer já diagnosticados. As informações
genéticas contidas no ctDNA podem dar pistas importantes sobre a melhor maneira
de combater a doença, tornando a terapia mais personalizada e,
consequentemente, mais eficiente.
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