sexta-feira, 23 de setembro de 2011

NOTÍCIA: CÂNCER COLORRETAL - AUMENTADA A SOBREVIDA


Droga dá sobrevida com qualidadePanitumumabe é esperança no tratamento do câncer colorretal em estágio avançado
Jornal do Comercio (PE), 20-09-2011
Paulo Sérgio Scarpa

O câncer colorretal ganhou divulgação no Brasil a partir do diagnóstico precoce na apresentadora Ana Maria Braga, apesar de esse tipo de câncer ser o segundo, após o de mama, que mais atinge mulheres no País e o terceiro em incidência no mundo. Há três semanas, um novo tratamento pode ser aplicado em pacientes diagnosticados com a doença em estado avançado, detectada no intestino grosso e reto.

Segundo a Amgen, empresa de biotecnologia no Brasil desde 2009, a droga panitumumabe causa reação menor que a apresentada por outros medicamentos e pode até aumentar a eficiência da quimioterapia. O tratamento é feito com anticorpos monoclonais criados para atingir um determinado alvo e anticorpos produzidos por camundongos transgênicos, isto é, animais alterados em laboratório para criar anticorpos próprios para os seres humanos.

O panitumumabe, explicou o oncologista Ricardo Caponero, é o primeiro anticorpo com material 100% humano a ser criado pela Amgen após uma década de pesquisa. “É uma evolução de outros medicamentos, como o cetuximabe, que tinha 34% de material de camundongos”. Para ele, a maior vantagem da nova droga é que o corpo tem reagido menos contra o novo remédio. A droga deve agir sobre o EGFR, sigla em inglês para receptor de fator de crescimento epidérmico, proteína relacionada ao desenvolvimento do câncer.
O panitumumabe, porém, advertiu o atual diretor científico da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos, só pode ser usado em pacientes que não apresentam nenhuma mutação no gene KRAS (pronuncia-se carrás). Essa particularidade reduz substancialmente o grupo de pacientes que poderá se beneficiar com a droga: menos da metade dos que enfrentam um câncer colorretal. “É para ser usado nos casos em que a quimioterapia não surtiu o efeito esperado”, diz.

Dados da Amgen indicam que os pacientes ganham em média de cinco a seis semanas de sobrevida, além de uma qualidade melhor de vida durante o tratamento. Eles permanecem em casa, indo ao hospital apenas para tomar a medicação. Caponero contou, no entanto, que o principal objetivo da nova medicação não é a cura porque se trata de câncer em estágio muito avançado. “Consegue-se prolongar o tempo da evolução da doença”, garantiu. “Mas não só dando tempo à vida, mas vida ao tempo”, sentenciou.

Cada ampola com 100 mg do panitumumabe custa R$ 1.183 e o paciente deve receber a cada infusão 6 mg por quilo de seu peso. Exemplo criado por Ricardo Caponero indica que uma pessoa com 60 quilos deverá receber uma dose de 360 mg e o medicamento deve ser aplicado a cada duas semanas. Não há previsão de quando o Sistema Único de Saúde (SUS) distribuirá gratuitamente o remédio no País.

A coloproctologista Angelita Gama, professora titular de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), lembra que a Justiça poderá determinar a sua distribuição, como faz com outros remédios. Segundo a especialista, o câncer colorretal tem maior incidência no Sudeste devido ao diagnóstico precoce feito com maior precisão que no Nordeste, por exemplo.

A empresa de biotecnologia Amgen investiu em 2010 US$ 15 bilhões em pesquisas, dos quais US$ 2,8 bilhões em pesquisa clínica em 45 países. Sua principal área é a oncologia, mas contabiliza cerca de 50 moléculas em desenvolvimento em Fase 3 (a última de uma pesquisa antes de seu produto se tornar comercial) e 24 moléculas (novas terapias) que ainda não estão na indústria farmacêutica, contou o responsável médico pela área terapêutica da empresa no Brasil e América Latina, Císio Brandão. “Pesquisamos, também, processos em doenças inflamatórias e nefrologia (rins)”, disse.

DADOS OFICIAIS - O Ministério da Saúde contabilizou em 2010, através do SUS, em todo o País, a realização de 82.009 procedimentos de quimioterapia de câncer colorretal, no valor total de R$ 11.882.816,00. Em 2010, estimava-se o diagnóstico de 13.310 casos em homens e 14.800 em mulheres. Estes valores correspondiam a um risco estimado de 14 casos novos a cada 100 mil homens e 15 para cada 100 mil mulheres.

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