Crise pode estimular hábitos alimentares mais caros
Pessoas começam investimentos na criação de hortas nas próprias casas, permitindo uma alimentação menos cara, sadia e gostosa
France Press - 02/09/2011
A crise econômica pode modificar, em geral, nossos hábitos alimentares, introduzindo vários paradoxos em nossa dieta, como comprar produtos mais caros, comenta para a AFP o sociólogo Jean-Pierre Corbeau.
Ante a austeridade anunciada para os próximos meses, os fenômenos observados desde 2007 podem se ampliar, com exceção, certamente, dos mais pobres.
São as classes média e média alta, 'nem sempre as mais atingidas pela crise inicialmente', as primeiras a modificar seus comportamentos de compra, e isso vem acontecendo desde 2008, constatou o especialista.
As mudanças coincidem com um entusiasmo pela cozinha, pelo 'fazer na própria casa', seguidas de cursos e do surgimento de mais e mais programas a respeito na televisão, mas também de discursos sobre a alimentação sadia, sazonal e orgânica.
Nesses meios, muitos deixam de ir 'sistematicamente todas as semanas a um hipermercado', de sucumbir a tentações infinitas, para privilegiar a compra necessária junto aos próprios produtores. Segundo Corbeau, dizem 'não aos morangos, em dezembro'.
Em relação às sobremesas, principalmente, 'adquire-se mais produtos básicos, com a volta do fazer você mesmo, com exceção da ida à confeitaria no domingo; mas, em geral, compra-se menos artigos já prontos'.
Entre a classe média, mesmo às famílias não atingidas diretamente, há um certo liame de solidariedade, porque no entorno haverá pessoas fragilizadas pelo desemprego. Isso as deixa mais prudentes, e uma visão um pouco catastrófica', explica Corbeau.
Neste contexto, há ainda um outro paradoxo observado durante as crises: 'um alimento quando é muito mais barato, torna-se suspeito', destaca.
De qualquer forma, o consumidor tem necessidade de ser tranqüilizado, de saber de onde provém o produto: o local de fabricação, quem o vende, sua marca, como é a produção, se é orgânico. Ficam de fora os produtos não identificados, mesmo se não forem caros. 'Isso pode nos poluir, nos envenenar: é a lógica da saúde', diz Corbeau.
Um dos efeitos secundários da crise é que categorias intermediárias, do ponto de vista econômico, estão prontas, paradoxalmente, a gastar um pouco mais, de forma mais pontual, para se nutrir.
'Compra-se mais produtos de melhor qualidade' e este fenômeno começa a contaminar famílias relativamente modestas, observa o sociólogo.
Se a crise, acelerando a perda de referências, cria novas regras, ela suscita, também, comportamentos hedonistas do tipo 'façamos loucuras porque entramos na era do +no future+'.
Os que têm rendimentos mais modestos, visam, também, as marcas. Mais pelas crianças, com a justificativa 'ainda podemos fazer assim'.
Outro efeito da crise, os restaurantes assistiram à emergência de uma clientela que tudo divide; grupos de amigos ou colegas que se cotizam para comer bem.
'É uma dinâmica que começa a se tornar mais forte', destaca o sociólogo.
Começam, também, os investimentos na criação de hortas nas próprias casas, permitindo uma alimentação menos cara, sadia e gostosa.
Ante a austeridade anunciada para os próximos meses, os fenômenos observados desde 2007 podem se ampliar, com exceção, certamente, dos mais pobres.
São as classes média e média alta, 'nem sempre as mais atingidas pela crise inicialmente', as primeiras a modificar seus comportamentos de compra, e isso vem acontecendo desde 2008, constatou o especialista.
As mudanças coincidem com um entusiasmo pela cozinha, pelo 'fazer na própria casa', seguidas de cursos e do surgimento de mais e mais programas a respeito na televisão, mas também de discursos sobre a alimentação sadia, sazonal e orgânica.
Nesses meios, muitos deixam de ir 'sistematicamente todas as semanas a um hipermercado', de sucumbir a tentações infinitas, para privilegiar a compra necessária junto aos próprios produtores. Segundo Corbeau, dizem 'não aos morangos, em dezembro'.
Em relação às sobremesas, principalmente, 'adquire-se mais produtos básicos, com a volta do fazer você mesmo, com exceção da ida à confeitaria no domingo; mas, em geral, compra-se menos artigos já prontos'.
Entre a classe média, mesmo às famílias não atingidas diretamente, há um certo liame de solidariedade, porque no entorno haverá pessoas fragilizadas pelo desemprego. Isso as deixa mais prudentes, e uma visão um pouco catastrófica', explica Corbeau.
Neste contexto, há ainda um outro paradoxo observado durante as crises: 'um alimento quando é muito mais barato, torna-se suspeito', destaca.
De qualquer forma, o consumidor tem necessidade de ser tranqüilizado, de saber de onde provém o produto: o local de fabricação, quem o vende, sua marca, como é a produção, se é orgânico. Ficam de fora os produtos não identificados, mesmo se não forem caros. 'Isso pode nos poluir, nos envenenar: é a lógica da saúde', diz Corbeau.
Um dos efeitos secundários da crise é que categorias intermediárias, do ponto de vista econômico, estão prontas, paradoxalmente, a gastar um pouco mais, de forma mais pontual, para se nutrir.
'Compra-se mais produtos de melhor qualidade' e este fenômeno começa a contaminar famílias relativamente modestas, observa o sociólogo.
Se a crise, acelerando a perda de referências, cria novas regras, ela suscita, também, comportamentos hedonistas do tipo 'façamos loucuras porque entramos na era do +no future+'.
Os que têm rendimentos mais modestos, visam, também, as marcas. Mais pelas crianças, com a justificativa 'ainda podemos fazer assim'.
Outro efeito da crise, os restaurantes assistiram à emergência de uma clientela que tudo divide; grupos de amigos ou colegas que se cotizam para comer bem.
'É uma dinâmica que começa a se tornar mais forte', destaca o sociólogo.
Começam, também, os investimentos na criação de hortas nas próprias casas, permitindo uma alimentação menos cara, sadia e gostosa.
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