quinta-feira, 2 de junho de 2011

NOTÍCIA: PESQUISA- O USO DE CELULAR PODE CAUSAR CÂNCER???

OMS admite que uso de celular pode causar câncer

Valor Econômico, 01-06-2011
Naomi Kresge | Bloomberg, de Berlim


Os telefones celulares podem causar câncer de cérebro em seres humanos, disse ontem uma agência da Organização Mundial de Saúde (OMS), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), citando uma análise de estudos como base para a afirmação.

A exposição aos campos eletromagnéticos de radiofrequência irradiados pelos aparelhos é maior que os das torres de telefonia móvel e de radiobase, disse Robert Baan, graduado cientista encarregado do relatório da Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (Iarc, pelas iniciais em inglês) sobre o assunto, em teleconferência ontem com jornalistas. Os campos são "possivelmente" cancerígenos no mesmo grau que o óleo diesel, o clorofórmio e a profissão de bombeiro, diz o Iarc, com sede em Lyon, na França, que classifica os riscos de câncer e dá recomendações às autoridades.

"Há algumas evidências de um maior risco de glioma", ou câncer de cérebro, disse Kurt Straif, diretor do Programa de Monografias do Iarc. "Não está, no momento, claramente comprovado que o uso de telefones celulares é, de fato, causador de câncer."

Trata-se da primeira vez que um grupo de trabalho de uma agência realiza uma análise das pesquisas sobre os campos eletromagnéticos da radiofrequência para fazer uma recomendação definitiva, disse Nicolas Gaudin, porta-voz do Iarc, em e-mail divulgado antes do anúncio. A agência não emitiu diretrizes para o uso do telefone celular e disse serem necessários novos estudos.

Nos últimos anos, intensificaram-se as preocupações de que os celulares possam ser prejudiciais à saúde das estimadas 5 bilhões de pessoas que os usam no mundo inteiro, disse a agência da OMS. A FCC, agência reguladora de comunicações dos EUA disse que são seguros os aparelhos com determinada taxa de absorção - a quantidade de energia de radiofrequência absorvida pelo organismo -, dentro de certos limites.

Segurar um telefone ao ouvido em chamadas de voz é a atitude que expõe os usuários aos níveis de energia mais elevados, disse Straif.

"Se for usado para mensagens de texto, ou caso se empregue um aparelho que não seja de mão para chamadas de voz, a exposição será rebaixada", disse ele.

O Iarc considera em sua análise estudos que podem conter dados errôneos, disse John Walls, vice-presidente de relações com o público da entidade patronal CTIA, do setor de telecomunicações sem fio, em comunicado divulgado por e-mail, ontem, em Washington. A classificação não significa que os celulares causam câncer, afirmou Walls.

Porta-vozes da Nokia, a maior fabricante mundial de telefones celulares, e da Apple, que produz o iPhone, não responderam de imediato a solicitações por seus comentários.

O grupo de trabalho, de 31 cientistas de 14 países, incluiu a exposição à radiação emitida por radares e fornos de micro-ondas e a exposição ambiental associada aos sinais de rádio, TV e telecomunicações sem fio em sua recomendação, junto com a referente à exposição a celulares.

A mais recente pesquisa examinada datava de 2004, e os níveis de exposição irradiados pelos aparelhos caíram com o passar do tempo, disse Jonathan Samet, professor da Universidade do Sul da Califórnia e presidente do grupo de trabalho.

O período decorrido desde a realização dos estudos também permite concluir que os participantes tinham usado seus telefones por não mais do que 10 a 15 anos, o que deixa em aberto a pergunta sobre o efeito da exposição de mais longo prazo. A agência disse que as evidências eram limitadas e que deverá reavaliar a recomendação de ontem assim que surgirem pesquisas mais recentes.

Cerca de 25% dos mais de 900 agentes avaliados pela agência foram definidos como "possivelmente cancerígenos".

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