Proteína micobacteriana pode preservar tecidos e órgãos
PUC/RS, 31-05-2011
Pesquisa realizada no Laboratório de Imunologia Celular e Molecular do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS (IPB) pode ajudar a dar mais segurança nos transplantes. Equipe liderada pela professora Cristina Bonorino descobriu que a proteína micobacteriana Hsp70 tem potencial na preservação de tecidos e órgãos. O Mycobacterium tuberculosis, de onde se origina essa proteína, é o bacilo de Koch, causador da tuberculose. Hoje, os transplantados utilizam, diariamente, imunossupressores para evitar a rejeição a enxertos. Esses medicamentos debilitam os pacientes e os predispõem a infecções.
Cristina, também da Faculdade de Biociências, destaca que a proteína micobacteriana age no local do transplante, enquanto os imunossupressores apresentam efeitos em todo o organismo. Na pesquisa, a proteína foi capaz de prevenir o dano isquêmico (de falta de oxigênio) da pele enxertada nos ratos. O efeito imunossupressor durou 20 dias, o dobro do grupo-controle (que não utilizou nenhuma substância antes ou depois do enxerto).
"Talvez seja possível criar uma memória imunológica no paciente que não rejeite o órgão, como ocorre com as vacinas", projeta Cristina. A proteína micobacteriana poderia ser combinada com outros imunossupressores ou ingerida como um medicamento. No momento, o Instituto de Toxicologia da PUCRS (Intox) realiza estudos para avaliar a sua toxicidade. Está em análise no Escritório de Transferência de Tecnologia/Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação o depósito de patente da solução.
Com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do/Ministério da Ciência e Tecnologia, a pesquisa foi publicada na revista PLoS One, da Public Library of Science. O biólogo Thiago Borges, mestrando em Biologia Celular e Molecular, e os estudantes de Medicina Felipe Machado e Marcele Moraes participaram do projeto, que também resulta em parcerias com grupos internacionais. Em colaboração com a Universidade de Utrecht (Holanda), será analisado o uso da proteína micobacteriana em pacientes com artrite, uma doença inflamatória crônica. Haverá estudos pré-clínicos e com pacientes. Com a Universidade de Oxford, a PUCRS avaliará casos de colite (inflamação do cólon).
Proteína micobacteriana (bacilo de Koch)
É a causadora da tuberculose. Na infecção, teria o papel de suprimir a resposta imunológica do hospedeiro. Essa seria a razão de potencialmente funcionar em transplantes por inibir a reação das células de defesa contra o novo órgão. Na pesquisa da PUCRS, não é usado o bacilo de Koch, mas a proteína produzida a partir do gene clonado. Não há contato com a bactéria.
Como agem os imunossupressores
Têm como papel inibir o sistema imunológico, praticamente "desativando" a defesa do organismo. É uma forma de coibir a rejeição a órgãos e tecidos transplantados. Os corticoides são exemplos desse efeito, mas não geram células imunossupressoras (reguladoras) como a proteína micobacteriana, revela o estudo da PUCRS.
Esta sugestão de pauta faz parte da revista PUCRS Informação (www.pucrs.br/revista), edição nº 154, maio/junho de 2011,
publicada pela Assessoria de Comunicação da PUCRS.
A reprodução da matéria está autorizada desde que seja citada a fonte.
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