Delirium: um
fator de risco aos pacientes críticos
(Por Júlio Eduvirgem, monitor -
Programa Proficiência COFEN)
Olá colegas!
Hoje falaremos sobre o Delirium,
caracterizado como fator de risco aos pacientes críticos internados em Unidades
de Terapia Intensiva (UTI). Vamos iniciar a leitura?
Delirium, segundo a sua origem (latim:
deliro-delirare, de-lira) significa "estar fora do lugar". É
caracterizado como uma emergência geriátrica, relacionado diretamente ao
aumento do tempo de permanência do paciente no ambiente hospitalar e no
crescimento exponencial de mortalidade.
Essa alteração cognitiva é
caracterizada por início agudo, curso flutuante, a qual causa distúrbios da
consciência, atenção, orientação, memória, pensamento, percepção e
comportamento (COELHO et al., 2011).
De acordo com Lôbo et al. (2010), o
conhecimento da fisiopatologia do delirium ainda está em fase de estudo.
A causa deste distúrbio pode estar relacionada à diversos fatores, que culmina
na redução global do metabolismo oxidativo cerebral e falência da transmissão
colinérgica. A principal hipótese para o desenvolvimento de delirium permanece
focada no papel dos neurotransmissores, inflamação e estresse crônico.
Os principais fatores que podem desencadear o delirium são
classificados em: predisponentes (idade avançada >65 anos, comprometimento
cognitivo de base, comorbidades prévias, demência prévia, déficit visual,
mobilidade prejudicada, desnutrição e desidratação) e os riscos precipitantes
(gravidade de doença aguda, uso de sedativos e analgésicos, dano cerebral
agudo, uso de anticolinérgicos, internação em UTI, procedimentos invasivos,
dor, estresse, fator emocional e abuso de álcool ou drogas ilícitas) (COELHO et
al., 2011).
Apesar de ser caracterizado com um
distúrbio transitório, há relatos da persistência do delirium após a alta
hospitalar em alguns pacientes, fato decorrente de diagnóstico tardio e/ou de
manejo terapêutico inadequado em UTI (COELHO et al., 2011).
Os idosos são os mais afetados por
essa doença, chegando a atingir cerca de 50% dos hospitalizados apresentando
formas de hipo/hiperatividade (COELHO et al., 2011). Acomete, comumente,
paciente com maior grau de fragilidade e maior número de morbidades. A
incidência eleva-se com a idade, déficit cognitivo, fragilidade, gravidade da
doença e morbidades.
Há relatos da prevalência de delirium em UTI que variam de 28% a 73%. Existem
também evidências de que o delirium está associado com piores desfechos de
tratamentos para pacientes criticamente enfermos, inclusive aumento de
permanência com ventilação mecânica (PITROWSKY et al., 2010).
ALERTA PROFISSIONAIS DE SAÚDE!!!
Mesmo essa doença sendo tão comum, por
vezes, o profissional de saúde atribui incorretamente o estado de confusão
mental do paciente à demência, depressão ou interpreta como apenas uma
intercorrência esperada em doentes idosos críticos. A maior parte dos
profissionais de saúde reconhece a importância do diagnóstico do delirium em
UTI, entretanto, apenas cerca de 40% realizam investigação ativa rotineira
(COELHO et al., 2011).
É notório de que o delirum é um fator
que implica na permanência prolongada do paciente no ambiente hospitalar e que
isso acarreta na regressão da evolução clínica positiva do paciente e, em
alguns casos, contribui para o aumento das taxas de mortalidade em UTI's.
Dessa forma, caro profissional é de
extrema importância o diagnóstico precoce da doença, para que o manejo
terapêutico do seja realizado da melhor forma. É importante também adotar
alguns cuidados simples, tais como,
informar diariamente ao paciente a data, horário e local em que está acomodado;
bem como o motivo da internação; apresentar-se sempre (nome, cargo) e
possibilitar visitas periódicas da família.
Todos esses cuidados proporcionam
resultados significativos para a prevenção do delirium e sua recuperação.
Diante disso, cabem aos profissionais envolvidos na terapêutica do paciente,
principalmente os profissionais de enfermagem abraçar a causa do diagnóstico
desse distúrbio que vem crescendo progressivamente e ofertar cuidados de
excelência em saúde em todas as esferas do corpo.
Colega, gostou do tema abordado? Para
saber mais, acesse as referências abaixo e também deixe o seu comentário.
Referências:
COELHO,
T. D.; MACHADO, F. S.; JOAQUIM, M. A. S. Delirium em Terapia Intensiva: fatores
de risco e fisiopatogenia. Unidade de Terapia Intensiva Neurológica. Hospital
Sírio-Libanês. Rev. Port. Med. Int., v. 18, n. 3. São Paulo, 2011. Disponível
em: <http://www.spci.pt/Revista/RPMI_V_18_03.pdf>. Acesso
em: 05 out. 2012.
LÔBO,
et al. Delirium. Rev. Medicina (Ribeirão Preto), v. 43, n. 3, p. 249-57. São
Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2010/vol43n3/Simp4_Delirium.pdf>.
Acesso em: 05 out. 2012.
PITROWSKY,
et al. Importância da monitorização do delirium na unidade de terapia
intensiva. Rev. Bras. Ter. Intensiva, v.22, n. 3. São Paulo, jul.- set., 2010.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2010000300010>.
Acesso em: 05 out. 2012.
Sugestões
para pesquisa:
FERNANDES,
C. R et al., Avaliação sistemática do delirium e da dor em pacientes
criticamente enfermos. Rev. Dor, v. 10, n. 2, p. 158-168. 2009. Disponível em:
<http://www.dor.org.br/revistador/Dor/2009/volume_10/n%C3%BAmero_2/pdf/Volume_10_n_2_pags_158-168.pdf>.
Acesso em: 05 out. 2012
INOUYE, et al. A New Method for Detection of Delirium.
American College of Physicians. Clarifying Confusion: the confusion assessment
method. 1990 Disponível
em: <http://clinicaldepartments.musc.edu/medicine/education/residency/Delirium%20Inouye.pdf>.
Acesso em: 05 out. 2012
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