quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

ARTIGO: DELIRIUM EM PACIENTES CRÍTICOS


Delirium: um fator de risco aos pacientes críticos
(Por Júlio Eduvirgem, monitor - Programa Proficiência COFEN)


 

Olá colegas!
Hoje falaremos sobre o Delirium, caracterizado como fator de risco aos pacientes críticos internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Vamos iniciar a leitura?
Delirium, segundo a sua origem (latim: deliro-delirare, de-lira) significa "estar fora do lugar". É caracterizado como uma emergência geriátrica, relacionado diretamente ao aumento do tempo de permanência do paciente no ambiente hospitalar e no crescimento exponencial de mortalidade.
Essa alteração cognitiva é caracterizada por início agudo, curso flutuante, a qual causa distúrbios da consciência, atenção, orientação, memória, pensamento, percepção e comportamento (COELHO et al., 2011).
De acordo com Lôbo et al. (2010), o conhecimento da fisiopatologia do delirium ainda está em fase de estudo.  A causa deste distúrbio pode estar relacionada à diversos fatores, que culmina na redução global do metabolismo oxidativo cerebral e falência da transmissão colinérgica. A principal hipótese para o desenvolvimento de delirium permanece focada no papel dos neurotransmissores, inflamação e estresse crônico.
Os principais fatores que podem desencadear o delirium são classificados em: predisponentes (idade avançada >65 anos, comprometimento cognitivo de base, comorbidades prévias, demência prévia, déficit visual, mobilidade prejudicada, desnutrição e desidratação) e os riscos precipitantes (gravidade de doença aguda, uso de sedativos e analgésicos, dano cerebral agudo, uso de anticolinérgicos, internação em UTI, procedimentos invasivos, dor, estresse, fator emocional e abuso de álcool ou drogas ilícitas) (COELHO et al., 2011).
Apesar de ser caracterizado com um distúrbio transitório, há relatos da persistência do delirium após a alta hospitalar em alguns pacientes, fato decorrente de diagnóstico tardio e/ou de manejo terapêutico inadequado em UTI (COELHO et al., 2011). 
Os idosos são os mais afetados por essa doença, chegando a atingir cerca de 50% dos hospitalizados apresentando formas de hipo/hiperatividade (COELHO et al., 2011). Acomete, comumente, paciente com maior grau de fragilidade e maior número de morbidades. A incidência eleva-se com a idade, déficit cognitivo, fragilidade, gravidade da doença e morbidades. 
Há relatos da prevalência de delirium em UTI que variam de 28% a 73%. Existem também evidências de que o delirium está associado com piores desfechos de tratamentos para pacientes criticamente enfermos, inclusive aumento de permanência com ventilação mecânica (PITROWSKY et al., 2010).
ALERTA PROFISSIONAIS DE SAÚDE!!!
Mesmo essa doença sendo tão comum, por vezes, o profissional de saúde atribui incorretamente o estado de confusão mental do paciente à demência, depressão ou interpreta como apenas uma intercorrência esperada em doentes idosos críticos. A maior parte dos profissionais de saúde reconhece a importância do diagnóstico do delirium em UTI, entretanto, apenas cerca de 40% realizam investigação ativa rotineira (COELHO et al., 2011).
É notório de que o delirum é um fator que implica na permanência prolongada do paciente no ambiente hospitalar e que isso acarreta na regressão da evolução clínica positiva do paciente e, em alguns casos, contribui para o aumento das taxas de mortalidade em UTI's.
Dessa forma, caro profissional é de extrema importância o diagnóstico precoce da doença, para que o manejo terapêutico do seja realizado da melhor forma. É importante também adotar alguns cuidados simples, tais como, informar diariamente ao paciente a data, horário e local em que está acomodado; bem como o motivo da internação; apresentar-se sempre (nome, cargo) e possibilitar visitas periódicas da família. 
Todos esses cuidados proporcionam resultados significativos para a prevenção do delirium e sua recuperação. Diante disso, cabem aos profissionais envolvidos na terapêutica do paciente, principalmente os profissionais de enfermagem abraçar a causa do diagnóstico desse distúrbio que vem crescendo progressivamente e ofertar cuidados de excelência em saúde em todas as esferas do corpo. 
Colega, gostou do tema abordado? Para saber mais, acesse as referências abaixo e também deixe o seu comentário.
Referências:

COELHO, T. D.; MACHADO, F. S.; JOAQUIM, M. A. S. Delirium em Terapia Intensiva: fatores de risco e fisiopatogenia. Unidade de Terapia Intensiva Neurológica. Hospital Sírio-Libanês. Rev. Port. Med. Int., v. 18, n. 3. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.spci.pt/Revista/RPMI_V_18_03.pdf>. Acesso em: 05 out. 2012.
LÔBO, et al. Delirium. Rev. Medicina (Ribeirão Preto), v. 43, n. 3, p. 249-57. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.fmrp.usp.br/revista/2010/vol43n3/Simp4_Delirium.pdf>. Acesso em: 05 out. 2012.
PITROWSKY, et al. Importância da monitorização do delirium na unidade de terapia intensiva. Rev. Bras. Ter. Intensiva, v.22, n. 3. São Paulo, jul.- set., 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2010000300010>. Acesso em: 05 out. 2012.

Sugestões para pesquisa:
FERNANDES, C. R et al., Avaliação sistemática do delirium e da dor em pacientes criticamente enfermos. Rev. Dor, v. 10, n. 2, p. 158-168. 2009. Disponível em: <http://www.dor.org.br/revistador/Dor/2009/volume_10/n%C3%BAmero_2/pdf/Volume_10_n_2_pags_158-168.pdf>. Acesso em: 05 out. 2012
INOUYE, et al. A New Method for Detection of Delirium. American College of Physicians. Clarifying Confusion: the confusion assessment method. 1990 Disponível em: <http://clinicaldepartments.musc.edu/medicine/education/residency/Delirium%20Inouye.pdf>. Acesso em: 05 out. 2012

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