Ativista teme aprovação de uso de agrotóxico em mandiocas
Rede Brasil. Por: Cida de Oliveira, 08/03/2012.
São Paulo – O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou ontem (7) que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Câmara Setorial da Mandioca querem incluir a cultura no rol de opções de uso do glifosato, o agrotóxico mais utilizado do mundo, que tem a função de combater ervas, principalmente perenes.
Segundo a área de Agrotóxicos e Afins do Ministério, o pedido de autorização enquadra-se nas normas e a cultura da mandioca já conta com vários herbicidas registrados, menos o glifosato, que é o mais famoso e mais vendido do Brasil.
Para o agricultor Cleber Folgado, da coordenação nacional da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, o pedido é preocupante. Conforme explica, o glifosato é um herbicida sistêmico, não seletivo. Ou seja, mata qualquer tipo de planta, exceto aquelas geneticamente modificadas para resistirem à substância, como a soja da marca RR (Roundup Ready), produzida pela Monsanto.
“O uso maciço do glifosato tem provocado a resistência de algumas plantas, levando a um aumento progressivo das doses para surtir o mesmo efeito. Como o herbicida elimina também as bactérias indispensáveis à regeneração e fertilidade do solo, isso leva ao aumento do uso de fertilizantes químicos, que alimentam as plantas e não fertilizam a terra, agravando ainda mais o ciclo vicioso”, explica o agricultor. Segundo ele, só no ano passado o Brasil importou 20,7 milhões de toneladas de fertilizantes ao custo de US$ 9,1 bilhões.
Folgado lembra que além dos problemas ao meio ambiente, o glifosato traz riscos à saúde, estando diretamente associado ao aumento da incidência de alguns tipos de câncer, deformações fetais e alterações endocrinológicas.
O ativista lamenta ainda o fato de a Embrapa receber investimentos de empresas transnacionais para suas pesquisas. “Como diz o ditado, quem paga a banda escolhe a música. Assim, grande parte dos estudos tem beneficiado empresas do ramo de agrotóxicos, como a própria Monsanto, de quem a Embrapa recebeu R$ 5,9 milhões para pesquisas no período entre 2011 e 2013."
Na sua avaliação, é de se esperar que uma empresa criada no início da década de 1970, em plena ditadura militar, para dar suporte à chamada Revolução Verde, cumpra seu papel de criar condições para o avanço do capital na agricultura. “As empresas lucram e a sociedade fica com os prejuízos à saúde, ao meio ambiente e até mesmo econômicos."
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