UFRJ
desenvolve concreto ecológico com fibras vegetais e materiais reciclados
Por Vitor Abdala. Edição:
Fábio Massalli - Agência Brasil, 16/09/2012.
Rio de Janeiro – A
Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (Coppe-UFRJ) desenvolveu alternativas ecológicas para matérias-primas
do concreto e de produtos de fibrocimento (como caixas d'água e telhas).
Segundo o pesquisador Romildo Toledo, o uso de materiais tradicionais, como o
cimento, a brita e o amianto, pode ser reduzido ou até completamente
substituído com a utilização de fibras vegetais e materiais reciclados.
No caso do concreto, liga
formada por cimento, brita (pedra) e areia, é possível reduzir o consumo de
cimento em 20% a 40% com alternativas como cinza de bagaço de cana-de-açúcar,
cinza de casca de arroz e resíduos da indústria cerâmica. A brita pode ser
completamente substituída por materiais obtidos em demolições de construções
antigas.
No caso do fibrocimento,
usado na fabricação de telhas ou caixas d'água, o consumo de cimento pode ser
reduzido em até 50% com o uso de alternativas ecológicas. As fibras vegetais
substituem as fibras minerais tradicionais, como o amianto, que provocam danos
à saúde humana. Há estudos com outros materiais como borracha de pneu usado,
cinzas de esgoto sanitário ou de queima do lixo para substituir, pelo menos
parcialmente, o cimento.
“Alguns tipos de concreto
ecológico já estão prontos para serem repassados ao setor produtivo, mas há
outros que ainda estão em fase final de desenvolvimento. São soluções que
reduzem impacto na construção civil, seja por redução da emissão de gás
carbônico, pelo uso de materiais naturais etc. E todas levam a resultados tão
bons quanto os materiais tradicionais. Essa é uma preocupação: não ter
performance inferior aos que os materiais tradicionais têm. O consumidor não
vai sentir problemas de durabilidade, como a casa ou o prédio terem vida útil
menor”, disse Toledo.
Segundo a Coppe, a indústria
cimenteira responde por 5% a 7% das emissões mundiais de gases do efeito
estufa. A produção atual de cimento corresponde a cerca de 3 bilhões de
toneladas por ano, que deve triplicar em 50 anos.
Segundo o pesquisador, as
alternativas ecológicas ao concreto têm chamado a atenção de algumas empresas.
Na última sexta-feira (14), por exemplo, Toledo apresentou sua pesquisa a
representantes de empresas de materiais de construção norte-americanas na
Câmara de Comércio Americana (Amcham) do Rio de Janeiro.
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