RESPOSTA
SEXUAL FEMININA
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De Sexologia De Magnus Hirschefeld
Curso
1. Traduzido Por Dr. Rui Malta
O
único propósito deste resumo é fornecer a homens e mulheres alguma informação
geral sobre os processo fisiológico que podem acompanhar a atividade sexual. As
variações individuais devem ser esperadas. Ainda assim, as respostas básicas de
uma mulher geralmente são as mesmas ao longo da sua vida, independentemente da
atividade sexual que escolha.
1- Excitação
Não são apenas os homens, mas também as mulheres, que
podem ficar excitados sexualmente de forma súbita, e algumas delas podem
experimentar um ou mais orgasmos em poucos minutos. De fato, existem mulheres
que atingem o orgasmo quinze a trinta segundos após o início do coito. No
entanto, parece que as mulheres nas primeiras fases da excitação, são mais
facilmente distraídas do que os homens, e dependem mais da estimulação física
direta. Por esta razão, algumas mulheres parecem precisar de mais tempo para
atingir o orgasmo durante o coito do que os seus parceiros do sexo masculino,
cuja excitação é muitas vezes mantida e aumentada por fatores psicológicos. De
forma geral, as mulheres são menos estimuladas por meras visões e sons, ou por
fantasias eróticas ou antecipações.
* A
vagina:
O crescendo da excitação sexual produz duas grandes alterações na vagina:
1. Ingurgitamento com sangue, i.e. tumescência
2. Alargamento dos 2/3 proximais do canal vaginal, i.e. um efeito em tenda.
* Tumescência:
Durante a excitação sexual, os órgãos sexuais tornam-se ingurgitados de sangue,
i.e. tornam-se tumefactos (do lat. Tumescere: inchar). Nas mulheres, o primeiro
e mais óbvio sinal de excitação sexual é a lubrificação da vagina. Em resposta
a uma estimulação eficaz, as paredes vaginais começam a segregar um liquido
claro que rapidamente fornece um revestimento húmido a toda a vagina de modo a
preparar o coito. Sem esta lubrificação, a inserção do pénis na vagina poderia
ser dolorosa para ambos os parceiros. (Nos homens, o sinal correspondente à
tumefacção é a erecção do pénis. Em resumo, à medida que o pénis fica pronto
para entrar na vagina, a vagina fica pronta para o receber).
* Efeito
em tenda:
Com o continuar da excitação, os dois terços proximais da vagina aumentam tanto
em tamanho como em largura, criando um efeito em tenda ou balão. (No seu estado
não excitado, a vagina é um tubo colapsado, i.e. as paredes tocam-se). Ao mesmo
tempo, existe uma alteração na coloração vaginal do vermelho habitual para um púrpura
carregado, que se torna ainda mais escuro durante as fases seguintes.
2- Planalto
A fase de planalto não é mais do que a continuação da
fase de excitação. A palavra planalto é usada indicar que um certo nível
estável de excitação foi atingido, nível esse que depois é mantido por um tempo
antes de se atingir o orgasmo.
* A
vagina: Plataforma orgásmica
Durante esta fase, existe apenas um pequeno aumento do tamanho e largura dos
dois terços proximais da vagina. Contudo, o seu terço distal fica congestionado
com sangue. Como resultado, esta parte da vagina, que pode ter-se alargado
durante a fase de excitação, agora estreita-se em cerca de 33%. Este terço
distal, congestionado e apertado, da vagina foi chamado de “plataforma
orgásmica” por Masters e Johnson.
* Os
grandes e pequenos lábios
Enquanto que os grandes lábios não exibem mais alterações durante a fase de
planalto, os pequenos lábios continuam a escurecer em cor, especialmente em
mulheres que já deram à luz. Esta pronunciada mudança de cor é um sinal de que
o orgasmo se avizinha.
* O
clítoris
Uma vez atingido determinado patamar de excitação, o clítoris retrai-se no
interior do prepúcio, tornando-se inacessível à estimulação direta pela mulher
ou parceiro sexual. (No passado, nem sempre se considerou que esta retração do
clítoris significa um aumento, e não uma diminuição, da excitação sexual).
* As
glândulas vestibulares (de Bartholin)
As maiores glândulas vestibulares (de Bartholin), (que correspondem às
glândulas bulbouretrais [de Cowper] no homem) podem segregar uma pequena
quantidade de liquido durante a fase planalto ou no final da fase de excitação.
* Útero
e Mamas
O útero é traccionado para cima em direcção ao abdómen, aumentando ainda mais
em tamanho. As mamas também atingem a sua expansão máxima durante a fase
planalto.
* “Flush”
sexual e incremento da tensão muscular
O “flush” sexual, no caso de ter ocorrido, pode agora tornar-se mais intenso e
atingir uma área maior. A tensão muscular voluntária e involuntária aumenta
muito em todo o corpo. A frequência cardíaca e a tensão arterial aumentam, e a
respiração torna-se mais rápida.
3- Orgasmo
O orgasmo [gr. Orgasmos: excitação com luxúria] é a libertação
súbita da tensão muscular e nervosa no auge da excitação sexual. A experiência
representa o prazer físico mais intenso que um ser humano é capaz de sentir,
sendo basicamente o mesmo nas mulheres e nos homens. Um orgasmo dura apenas uns
instantes e é experimentado como uma espécie de uma convulsão, ou melhor, uma
série de convulsões que envolvem todo o corpo, conduzindo ao relaxamento
completo.
* A
vagina
Nas mulheres, o orgasmo começa com contracções fortes e rítmicas do terço
distal da vagina, que Masters e Johnson chamaram de plataforma orgásmica. Estas
contracções, que podem ser de três a quinze, repetem-se inicialmente em menos
de um segundo, e à medida que se tornam mais fracas, em intervalos maiores.
* Útero
e esfíncter anal
Quase em simultâneo, o útero começa a contrair-se. No entanto, as contracções
uterinas são irregulares. Começam no topo e vão descendo em direcção à vagina,
ao contrário das contracções na primeira fase do trabalho de parto. Os músculos
do esfíncter anal também se podem contrair algumas vezes em simultâneo com a
plataforma orgásmica.
* Tensão
muscular, frequência cardíaca e tensão arterial
No geral, existe uma grande tensão arterial, não apenas na zona pélvica, mas
também noutras partes do corpo, como o pescoço, braços, mãos, pernas, e pés. A
frequência cardíaca e a tensão arterial sobem um pouco ainda mais do que na
fase planalto, e a respiração torna-se muito rápida. A intensidade de todas
estas reacções físicas depende, é claro, do grau e duração da tensão sexual.
Ejaculação?
Nos homens sexualmente maduros, o orgasmo é acompanhado de ejaculação de sémen.
As mulheres não produzem sémen, e em forma de regra, não ejaculam. Contudo,
existem excepções: em algumas mulheres, certas glândulas parauretrais (i.e.
glândulas próximo da uretra) desenvolvem-se até um ponto em que produzem um
liquido semelhante ao prostático, que pode ser expulso através da uretra
durante as contracções musculares do orgasmo. Nestes casos, muito
investigadores falam em “próstata feminina” e em ejaculação feminina.
Orgasmos
múltiplos?
Como tem sido enfatizado repetidamente, as respostas sexuais são comparáveis em
ambos os sexos. Enquanto que a experiência do orgasmo em si seja essencialmente
a mesma em homens e mulheres, as ultimas parecem estar melhor equipadas para
terem mais do que um orgasmo num curto espaço de tempo. Existem casos raros de
homens, particularmente em idade jovem, que são capazes de vários orgasmos numa
sucessão rápida. Contudo, esta capacidade é bastante comum nas mulheres.
Existem mais uma diferença: enquanto que o padrão do orgasmo no homem
praticamente nunca varia, as mulheres podem manifestar vários padrões possíveis.
Nalgumas mulheres, o orgasmo é relativamente curto e ligeiro; noutras, é
prolongado e violento. Mesmo a própria mulher pode achar-se a responder de
maneira diferente consoante a ocasião. No entanto, os processos fisiológicos
básicos subjacentes a estas variações possíveis permanecem os mesmos.