Aids: quatro em cada dez jovens dispensam uso de
camisinha em relacionamento estável
(Por: Paula Laboissière, da Agência Brasil, 01/12/2012.)
Brasília – Quatro em cada dez jovens
brasileiros acham que não precisam usar camisinha em um relacionamento estável.
Além disso, três em cada dez ficariam desconfiados da fidelidade do parceiro
caso ele propusesse sexo seguro. A conclusão é da pesquisa Juventude,
Comportamento e DST/Aids, realizada pela Caixa Seguros com o
acompanhamento do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde
(Opas).
O estudo ouviu 1.208
jovens com idades entre 18 e 29 anos em 15 estados (Rondônia, Amazonas, Pará,
Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Goiás) e no Distrito
Federal. As mulheres correspondem a 55% da amostra e os homens, a 45%.
O estudo foi repassado à Agência
Brasil para divulgação antecipada hoje (1º), Dia Mundial de Luta
Contra a Aids. A pesquisa será oficialmente lançada na próxima segunda-feira
(3).
Ao todo, 91% dos
jovens entrevistados já tiveram relação sexual; 40% não consideram o uso de
camisinha um método eficaz na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs) ou gravidez; 36% não usaram preservativo na última vez que tiveram
relações sexuais; e apenas 9,4% foram a um centro de saúde nos últimos 12 meses
para obter informações ou tratamento para DSTs.
Os dados mostram que
falta aos jovens brasileiros o
conhecimento de algumas informações básicas, já que um em cada cinco
acredita ser possível contrair o HIV utilizando os mesmos talheres ou copos de
outras pessoas e 15% pensam que enfermidades como malária, dengue, hanseníase
ou tuberculose são tipos de DSTs.
Em entrevista à Agência Brasil,
o coordenador da pesquisa, Miguel Fontes, destacou que o grau de escolaridade
dos jovens também influencia na adoção de atitudes e práticas responsáveis em
relação ao sexo seguro. Outra constatação, segundo ele, é que ter pais ou profissionais de saúde como
principais fontes de informação sobre sexo é um fator determinante para que os
jovens adotem melhores práticas em relação a DSTs.
“Notamos que os
jovens menos vulneráveis são aqueles que conversam com os pais sobre
sexualidade e que têm maior escolaridade. Mas pouquíssimos conversam com os
pais sobre isso e a maioria não está estudando, repetiu alguns anos na escola.
Embora eles não percebam, essa vulnerabilidade em relação à aids existe e é
latente”, disse.
As recomendações
feitas pelo estudo incluem maiores
investimentos em conteúdos de qualidade sobre sexo e aids na internet;
programas sociais que tenham a juventude como público-alvo e que envolvam a
família dos participantes; estreitar laços com professores que trabalham com
jovens, a fim de proporcionar algum tipo de formação ou capacitação para tratar
temas relacionados a DST e aids; e massificar a informação de que existe uma
relação direta entre o consumo de álcool e o aumento da vulnerabilidade dos
jovens em relação ao sexo seguro.
“No lugar de
campanhas massivas na TV e no rádio, precisamos de canais diretos na internet.
Ela age hoje como um gancho muito forte e é necessário levá-la em consideração
como uma ferramenta educativa, além de reforçar o papel dos pais, fonte de
educação mais confiável, e dos profissionais de saúde. Muitas vezes, os amigos são
a principal fonte de informação do jovem, mas isso não implica em um melhor
nível de conhecimento”, ressaltou o coordenador do estudo.
Dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os brasileiros com
idade entre 15 e 29 anos representam 40% da população, totalizando 50 milhões
de jovens. Levantamentos do Ministério da Saúde mostram uma tendência de
crescimento de novas infecções pelo HIV nessa faixa etária desde 2007, chegando
a 44,35 registros para cada grupo de 100 mil pessoas.
Atualmente, entre 490
mil e 530 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas, 135 mil não sabem que
têm o vírus. A incidência da aids no país, em 2011, chegou a 20,2 casos para
cada 100 mil habitantes. No ano passado, foram registrados 38,8 mil novos casos
da doença – a maioria nos grandes centros urbanos.
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