Sociedade
civil e governo vão discutir estratégias para resíduos sólidos em 2013
Carolina Gonçalves. Repórter
da Agência Brasil. Edição: Graça Adjuto, 03/10/2012.
Brasília – As contribuições
de representantes da sociedade civil, de governos e do setor privado para a
implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no país serão
concluídas no fim do ano que vem. Enquanto isso, os debates municipais e regionais
que precedem o encontro, marcado para outubro de 2013, começam em três meses.
Mas será apenas durante a 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente (CNMA), que
esses setores vão apresentar, em tom mais conclusivo, as estratégias que já
foram incorporadas em suas atividades e as novas medidas que ainda poderão ser
adotadas.
Silvano Silvério da Costa,
diretor do Departamento de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), explicou que a conferência é um processo. “Haverá mobilização local para
depois chegar à conferência. Temos as etapas regional e municipal que começam
em janeiro”, acrescentou. Ao lembrar que os debates municipais e regionais
terão início poucos dias depois da posse dos novos prefeitos, que serão eleitos
este mês, o diretor do MMA acrescentou que eles começarão os mandatos dando
prioridade à área em que há maior necessidade de medidas urgentes.
Silvério destacou que a
conferência não é o local das “resoluções”, mas tem papel fundamental para
esclarecer metas e driblar dificuldades na adoção das exigências previstas pela
PNRS. Alguns especialistas endossam a aposta e acreditam que tanto a
conferência quanto os eventos preparatórios podem minimizar, ao longo desses
meses, alguns dos temores em relação às determinações da política.
“A estratégia do governo é
priorizar a implementação da politica”, disse Silvério. Mas, as regras, criadas
em 2010, com responsabilidades previstas para todos os setores e esferas de
governo no tratamento e destinação de resíduos, ainda estão longe dos resultados
esperados.
Este ano, por exemplo,
alguns prazos importantes, previstos pela PNRS, chegaram ao fim. Desde o último
dia 2 de agosto, as prefeituras e governos estaduais que quiserem recursos
federais para o manejo de resíduos têm que apresentar um plano local com
estratégias para o setor. A norma e o prazo foram publicados há dois anos, mas
a maioria das administrações locais não cumpriu a determinação. Mais de 90% das
prefeituras não apresentaram os planos municipais.
As autoridades estaduais e
municipais alertam, agora, para as dificuldades em desativar lixões. A política
nacional prevê que todos os lixões do país sejam extintos até 2014. Muitos
administradores públicos, no entanto, alegam não ter recursos suficientes para
atender à exigência e apontam o excesso de burocracia, principalmente em
relação aos contratos licitados com empresas de transporte e administradoras de
depósitos que ainda estarão em vigor em 2014.
“Costumo dizer que o prazo
dos lixões é muito ousado, mas tivemos uma avaliação histórica que mostrou que
em 1998, 35% dos resíduos eram despejados em aterros. Esse volume aumentou para
58% em 2008, período em que ainda não tínhamos a Política Nacional de Resíduos
Sólidos”, disse Silvério, acrescentando que o fim dos lixões já é uma “tendência
dos últimos dez anos e por isso não é impossível”. Dados do Ministério das
Cidades mostram que mais da metade dos 5.564 municípios brasileiros ainda não
dão a destinação correta para o lixo.
Pelo lado dos empresários, a
discussão gira em torno da logística reversa, que prevê o retorno para a
indústria de materiais como eletroeletrônicos e pneus, para que possam ser
novamente aproveitados pelo fabricante. O mecanismo exige o envolvimento de
todos na linha de produção e distribuição, desde fabricantes, importadores,
distribuidores, comerciantes e o próprio consumidor.
O governo pretende, com a
conferência, aumentar o conhecimento técnico, científico e político sobre o
tema. “O que vai acontecer é um processo de cada um internalizar as
responsabilidades e implementar. A conferência vai dar luz e capilaridade ao
debate. A intenção não é levantar demandas, mas mostrar que cada um pode
absorver sua responsabilidade”, explicou Silvério.
A aposta é que com esse tipo
de debate, empresas, governos e organizações sociais busquem alternativas que
integrem produção e consumo sustentáveis, a redução de impactos ambientais nas
cidades brasileiras e que estimulem a geração de emprego e renda a partir das
medidas adotadas em todo o país em relação ao tratamento e destino de resíduos
sólidos.
Técnicos do MMA ainda estão
elaborando o texto-base que servirá de ponto de partida para as discussões
entre representantes de universidades, povos indígenas, comunidades
tradicionais, trabalhadores, organizações não governamentais, movimentos
sociais e empresários.
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