quinta-feira, 14 de abril de 2011

ARTIGO: ENFERMAGEM - COMO AGIR ANTE AS CATÁSTROFES?

Métodos de triagem de vítimas em catástrofes: uma reflexão para a enfermagem
 Proficiência, 2011 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), catástrofe é um fenômeno ecológico súbito de magnitude suficiente para necessitar de ajuda externa. Define-se a expressão ‘múltiplas vítimas’ como uma situação em que há um desequilíbrio entre os recursos disponíveis e as necessidades.
Segundo Reppetto e Souza (2005), para realizar as atividades de cuidado, o pessoal de enfermagem necessita de um instrumental conceitual e técnico para abordar a realidade da prática. Ribeiro e Bertolozzi (2002) acrescentam que a enfermagem, no seu cotidiano de trabalho, parece ainda não ter incorporado plenamente à temática ecológica ao cuidado integral, restringindo, por vezes, as práticas à assistência às "vítimas" de alterações ambientais.
De acordo com Morton e Fontaine (2011, p.213), na ocorrência de um desastre, o papel da enfermagem nos cuidados críticos é fundamental. Ressalta a dependência deste em relação ao impacto do desastre sobre as estruturas das instituições, o meio ambiente e o número de profissionais disponíveis.

Com base no pensamento crítico, as competências fundamentais da enfermagem em incidentes com vítimas em massa incluem:
“a) usar uma abordagem ética e aprovada em nível nacional para suporte de tomada de decisões e priorização necessárias em situações de desastres;
 b) utilizar competência de julgamento clínico e tomada de decisão na avaliação do potencial para o cuidado individual adequado após um incidente com vítimas em massa (IVM);
c) descrever os cuidados de enfermagem de emergência essenciais nas fases pré e pós desastres para indivíduos, famílias, grupos especiais (p.ex. crianças, idosos, gestantes) e comunidades;
d) descrever os princípios de triagem específicas que são aceitos para IVM (p.ex. Sistema de  Triagem Simples e Tratamento Rápido [START]”.

Morton e Fontaine (2011) complementam a importância da avaliação global da situação de catástrofe, no que se refere a segurança do profissional, da equipe de emergência e das vítimas, em qualquer situação de resgate. Isso inclui a descrição de sinais e sintomas decorrentes da exposição a agentes químicos, biológicos, radiológicos, nucleares e explosivos.
Nesse sentido, faz-se necessário o planejamento do cuidado que contemple as diversas alterações do meio ambiente. Teixeira e Olcerenko (2007) evidenciam a elaboração de um plano de ação para situações de desastres, catástrofes e múltiplas vítimas, bem como um eficiente sistema de controle que não transfira o caos do local da catástrofe para o hospital - o que é muito comum em eventos dessa magnitude.

TRIAGEM (S.T.A.R.T.)
Um dos métodos mais utilizados no Brasil e no mundo o método S.T.A.R.T. (Simple Triage and Rapid Treatment) – traduzido como ‘Simples Triagem e Rápido Tratamento’. No Brasil, esse método passou a ser utilizado a partir de 1999. A triagem é o termo dado ao reconhecimento da situação e seleção das vítimas por prioridades na cena da emergência. (TEIXEIRA E OLCERENKO, 2007)
Esse processo de triagem deve ser utilizado quando os recursos de pessoal e de material forem insuficientes frente a um acidente. Utilizado em todo o mundo, contempla a avaliação das condições fisiológicas da vítima em três fatores que são: - respiração, circulação sanguínea e nível de consciência, por meio de um fluxograma que prioriza o atendimento por cores: vermelha (prioridade 1), amarela (prioridade 2), verde (prioridade 3) e preta (prioridade 4). Entretanto, em alguns países que utilizam o fluxograma S.T.A.R.T. para a classificação das vítimas de desastre, pode haver variação das cores empregas na classificação de prioridades.

De acordo com Teixeira e Olcerenko (2007), a utilização de métodos como o S.T.A.R.T. por si não garantem a triagem, uma vez que eles devem ser estar associados a profissionais treinados (teoricamente e na prática), e que possuem preparo psicológico adequado às situações vivenciadas, para a agilidade e acurácia da tomada de decisão.
Concordamos com Teixeira e Olcerenko (2007) que o método de triagem S.T.A.R.T. é método confiável e de grande utilização em todo o mundo, e que por isso não pode ser esquecido ou ignorado. Além disso, a inexistência de um plano de contingência a situações de múltiplas vítimas interferir na eficácia do atendimento, correndo o risco de falhas na priorização de atendimento às vítimas mais graves, com vistas às maiores probabilidades de sobrevivência.

REFERÊNCIAS

- BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Nacional de Defesa Civil. Conferência geral sobre desastres. Brasília, 2007. 23 p.
-
MORTON, P. G.; FONTAINE, D. K. Cuidados Críticos de Enfermagem: uma abordagem holística. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
-
REPPETTO, M. A.; SOUZA, M.F. Avaliação da realização e do registro da Sistematização da Assistência de enfermagem (SAE) em um hospital universitário. Rev Bras Enferm; v. 58, n. 3, p. 325-9, maio-jun, 2005. Disponível em   <http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n3/a14v58n3.pdf>, acesso em 23 mar. 2011.

- MORAIS, K. R. S.;  VASCONCELOS, L.C. A.; LIMA, S. C. S. et al. Assistência de Enfermagem aos desabrigados das enchentes em Teresina-PI: um relato de experiência. Trabalho sob no 1618 - 1/3 publicado no 61o Congresso Brasileiro de Enfermagem: Transformação e Sustentabilidade Ambiental. 2009.  Disponível em: <http://www.abeneventos.com.br/anais_61cben/files/01921.pdf>. Acesso em:  23 mar. 2011.

- SIATE /CBPR. Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas.  Disponível em: <http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/primeiros_socorros_2/cap_28_amuvi.pdf>. Acesso  em: 23 mar. 2011.

- TEIXEIRA, W. A. OLCERENKO, D.R. A Utilização do Método  S.T.A.R.T. em acidentes com múltiplas vítimas. Trabalho publicado no 10º Congresso de Iniciação Científica, 4ª mostra de Pós-Graduação e 1ª Mostra do Ensino Médio Disponível em: <http://www.unisa.br/pesquisa/arquivos/livro_10_congresso.pdf#page=139>. Acesso em: 23 mar. 2011.

RIBEIRO, M.C.; BERTOLOZZI, M.R. Reflexões sobre a participação da enfermagem nas questões ecológicas. Rev Esc Enferm USP; v. 36, n. 4, p. 300-8. São Paulo, 2002. Disponível em: <http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/html/672/body/v36n4a01.htm>. Acesso em: 23 mar. 2011.

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