Pesquisa desenvolvida
com o apoio da Finep promete modificar as formas de controle de incêndio
(Finep
Notícias, 24/1/2014)
O
corpo de bombeiros do Rio de Janeiro está testando uma nova tecnologia que pode
revolucionar as formas de combate a incêndio. A ideia é substituir o uso da
água pelo dióxido de carbono (CO2) para apagar o fogo. O projeto,
desenvolvido pelo Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental (Garta) da
UFRJ/Coppe, recebeu um apoio de R$5,5 milhões da Finep. Moacyr Duarte de Souza,
pesquisador sênior da UFRJ, destaca que o CO2 é um agente presente em pequenas
quantidades nos extintores de incêndio.
“Analisando
a forma tradicional de extinguir incêndios percebemos que a descarga massiva de
CO2 causa menos danos para ambientes sensíveis à ação da água, como museus,
obras de arte e estações de telefonia, para os quais o impacto da água pode ser
tão ou mais danoso que o fogo. Utilizamos um agente tradicional, mas a equipe
desenvolveu uma nova forma de estoque”, esclarece Moacyr.
A
empresa White Martins se tornou parceira tecnológica e auxiliou a desenvolver o
primeiro protótipo. Nesta fase, o projeto foi apresentado para a Finep que o
contemplou com o financiamento. Moacyr ressalta que parte do apoio da Finep vai
se reverter em legado para o próprio corpo de bombeiros que poderá
utilizar o equipamento para treinar futuros funcionários. Da mesma forma, essa
verba fortalece a UFRJ e outras pesquisas realizadas na Coppe. Para Moacyr,
desenvolver o projeto em um centro de pesquisa universitário permitiu a
colaboração de diversas áreas de pesquisa por meio da interação entre os
departamentos.
O
projeto, denominado Sistema de Descarga Baseada em Gás Liquefeito, possui uma
célula de operação adaptada em um contêiner. A célula foi acoplada a um
caminhão, que os bombeiros utilizam no teste. O veículo também contém
disparadores manuais com tamanho semelhante a um extintor de incêndios. Através
de duas mangueiras o CO2 é lançado. A concentração de dióxido de carbono aumenta
de forma controlada, o que permite aos bombeiros deslocar a fumaça para
facilitar a visibilidade. Dessa maneira reduz-se também o risco de asfixia. O
caminhão tem capacidade para armazenar 121 toneladas de CO2 na fase líquida e
as mangueiras lançam 100 galões por minuto.
Assim,
o dióxido de carbono proporciona o resfriamento do ambiente e a diminuição da
quantidade de oxigênio. Moacyr enumera as vantagens do jato seco: “Em lugares
com temperatura abaixo de zero é necessário gastar mais energia para manter a
água liquida. Já em casos de catástrofes naturais, o método dispensa a rede de
incêndios, que pode ter sido danificada. O caminhão, por sua vez, não precisa
de rede de incêndio e da manutenção da água, que custam cada vez mais.” Outro
benefício do uso do CO2 é a contenção de incêndios em câmaras subterrâneas,
principalmente se considerarmos que, no Rio de Janeiro, os casos de explosão de
bueiro acontecem com frequência.
O
caminhão será oficialmente apresentado no dia 6 de fevereiro. A partir
dessa data acontecerá a segunda etapa dos testes com grupo de pesquisadores da
Coppe, técnicos e bombeiros do centro de pesquisa. O pesquisador estima que em
cerca de dois meses os resultados poderão ser analisados. “Vamos acrescentar
acessórios de disparo e desenvolver protocolos para possibilitar aplicação da
tecnologia o mais rápido possível para a sociedade”, conclui Moacyr.
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