terça-feira, 6 de maio de 2014

ARTIGO: AUMENTO DOS CASOS DE DENGUE EM SÃO PAULO



Sem consenso científico sobre motivo, dengue migra e ganha novas fronteiras em São Paulo
(24/04/2014 - Por Sarah Fernandes, Arquivo RBA)

 

São Paulo – Pesquisadores ainda não chegaram a um consenso sobre o aumento do número de casos de dengue na capital paulista neste ano, nem sobre a migração dos focos da doença de municípios que tradicionalmente registravam muitos casos para outros. As hipóteses vão desde mosquitos melhor adaptados para a transmissão do vírus até transporte de ovos nas lonas de caminhões que interligam a capital com regiões epidêmicas.

Com base nas notificações computadas pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo houve uma redução de 82,8% do número de casos de dengue no estado no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2013. Em números absolutos, os municípios paulistas registraram 18.445 casos de janeiro a março de 2014, contra 107.739 nos três primeiros meses de 2013.

Ao todo, 10 dos 645 municípios do estado concentraram 68,6% das ocorrências: Americana (2.711), Campinas (2.520), Jaú (1.387), Taubaté (862), Votuporanga (775), Santa Bárbara D’Oeste (744), Boa Esperança do Sul (725), Casa Branca (642), Osasco (477) e São Paulo (1.802), novata na lista, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo. Na última contagem da prefeitura, divulgada no último dia 10, o número de ocorrências é um pouco menor, de 1.745.

“Não temos um quadro mais alarmante neste ano, mas diferente. São Paulo nunca teve tantos casos e isso sempre foi um grande mistério, porque sempre tivemos todas as condições: mosquito, grande número de pessoas e calor”, diz o pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), José Eduardo Levi. “O sorotipo predominante neste ano é o 4, que já tivemos no ano passado, no interior e no litoral. Não conseguimos precisar por que agora ele se adaptou melhor à capital.”

A possibilidade, ainda sem evidência científica, é de que os mosquitos da cidade tenham se tornado transmissores mais eficientes da doença. “O mosquito pode estar mais apto a incubar o vírus e replicá-lo em seu corpo, nas glândulas salivares. Todos os mosquitos que transmitem dengue são Aedes Aegypti, da mesma forma que somos todos Homo Sapiens, e veja só nossa diversidade”, diz o pesquisador. “Se houvesse mais investimentos em pesquisas teríamos mais respostas para dar. Não conseguimos monitorar da forma mais eficiente, nem colher material nos momentos necessários.”

Dengue é uma doença tropical infecciosa causada por um vírus de quatro tipos imunológicos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Quando uma pessoa contrai um determinado sorotipo de dengue, ela se torna imune ao vírus, reduzindo a população vulnerável. A doença é transmitida principalmente pelo mosquito Aedes Aegypti, que se reproduz em água limpa e parada, acumulada, por exemplo, em pratos de planta, garrafas vazias, pneus velhos e caixas d'água descobertas.

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