Programa
nacional de combate ao câncer de pele criado em São Carlos já ofereceu tratamento
gratuito para mais de 500 pacientes
SÃO CARLOS AGORA,
07-08-2012
Cerca de 500 pessoas
diagnosticadas com câncer de pele não melanoma já tiveram acesso a um método eficaz
e indolor na luta contra a doença. Elas fazem parte de um grupo de 8 mil
pacientes que deverão receber, até o final de 2013, o tratamento gratuito
contra este tipo de câncer dentro do programa "Terapia Fotodinâmica
Brasil", resultado de uma parceria entre o Instituto de Física de São
Carlos (IFSC-USP), o Hospital Amaral Carvalho (HAC) e as empresas MM Optics e
PDT Pharma.
A concepção do programa
foi estimulada pelo alto número de casos registrados na sociedade brasileira: segundo
dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgados em 2010, o câncer de
pele não melanoma é o tipo mais incidente entre a população do País. Apenas em
2010, mais de 110 mil pessoas contraíram a doença.
Essa alta incidência
serviu de estímulo para que os pesquisadores do IFSC aprimorassem os estudos sobre
os efeitos da terapia fotodinâmica (PDT) nas células tumorais. À MM Optics
coube desenvolver um equipamento inovador capaz de otimizar o combate à doença
a um custo acessível. Como resultado, a empresa sediada no pólo tecnológico de
São Carlos (230 Km de São Paulo) criou o Lince, aparelho único no mundo que
conjuga, em uma mesma plataforma, tecnologias com capacidade de realizar o
diagnóstico do câncer de pele não melanoma por fluorescência óptica e tratar a
doença por meio da terapia fotodinâmica (PDT).
"Após a detecção
do tumor, passamos na lesão um medicamento fotossensível, desenvolvido pela PDT
Pharma, que é absorvido pelas células tumorais e responsável por levá-las à
morte quando iluminadas pela luz da terapia fotodinâmica. O diagnóstico e o
início do tratamento podem ser feitos num único dia, o que evita problemas de
logística que trazem custos tanto para o governo quanto para o próprio
paciente", explica o diretor industrial da MM Optics, Fernando Mendonça
Ribeiro.
Resultados
Desde que foi
implementado, no segundo semestre do ano passado, o programa "Terapia
Fotodinâmica Brasil" já foi levado para cidades de diferentes estados e
regiões do Brasil, como Campinas (SP), Curitiba (PR), Linhares (ES), Maceió
(AL), Passos (MG), Pelotas (RS), Presidente Prudente (SP), Ribeirão Preto (SP),
Rio de Janeiro (RJ), Rondonópolis (MT), Salvador (BA), além de municípios da
Colômbia e do Equador.
A pesquisadora do IFSC
e responsável pelo treinamento dos médicos que operam o Lince, Natália Inada, revela
que os primeiros resultados estão se mantendo os mesmos da fase de testes
(realizada no Hospital Amaral Carvalho), ou seja, com índice de cura superior a
90%. "Caso esse porcentual seja mantido até o final da execução do
programa, a terapia será legitimada e o Lince poderá ser usado pelo SUS
[Sistema Único de Saúde]", comenta a pesquisadora.
A adoção do tratamento
pelo SUS, aliás, é um dos objetivos finais do programa, que foi idealizado como
contrapartida tanto da MM Optics quanto do IFSC pelos financiamentos obtidos
para o desenvolvimento do Lince e aprimoramento das pesquisas sobre a terapia
fotodinâmica. O desenvolvimento do equipamento teve um aporte da ordem de R$
2,3 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Já o IFSC-USP recebeu
um aporte financeiro de R$ 3,5 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) para coordenar e garantir a formação dos profissionais que
trabalham no programa, escolher os centros médicos para a aplicação da
tecnologia, além de realizar, todos os ensaios clínicos e análise de
resultados.
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