Jornal do Brasil,
07-08-2012
Terapias
comportamentais são mais eficientes que uso de medicamentos para ajudar adultos
que sofrem da síndrome de Tourette a controlarem seus tiques, afirma um estudo
do Hospital Geral de Massachusetts (da Universidade de Harvard), de Yale, do
Centro de Ciências da Saúde do Texas e outras instituições.
A síndrome de Tourette
é caracterizada por tiques motores ou vocais que podem ser embaraçosos para o
paciente. Em alguns casos, por exemplo, a pessoa diz palavras obscenas sem ter
controle sobre sua fala (coprolalia).
"O programa que
testamos, que ensina aos pacientes novas maneiras para controlar o impulso dos
tiques, foi associado a um grande decréscimo nas severidades dos tiques se
comparado ao tratamento de controle", diz Sabine Wilhelm, do hospital de
Massachusetts. A síndrome costuma aparecer na infância, ter um pico na
adolescência e uma queda na idade adulta. Contudo, em alguns casos, os tiques
persistem com o passar dos anos.
Geralmente, os
pacientes recebem medicamentos, inclusive potentes antipsicóticos, que
raramente eliminam todos os tiques e ainda têm vários efeitos colaterais
indesejáveis (como ganho de peso e sedação). Isso leva muitos pacientes a
descontinuarem o uso das drogas. Por outro lado, tratamentos comportamentais já
mostraram resultados promissores, mas nenhum bom o suficiente para ser usado
nas clínicas.
O estudo dividiu 122
participantes com idades entre 16 e 65 em dois grupos: aqueles que receberiam
medicamento e outros que seriam submetidos a um novo tratamento - que continha
diversos componentes, de conscientização sobre os tiques a treino de
relaxamento.
Na fase de
conscientização, os pacientes aprendem a detectar os sinais iniciais de que um
tique está para ocorrer. Eles ainda aprendem a identificar e controlar
situações em que a frequência e a severidade dos tiques aumentam. Uma das
técnicas é usar padrões de respiração em ritmo lento. Outra, para aqueles com
tiques no braço, por exemplo, é pressionar o cotovelo contra o torso.
Os pacientes foram
divididos entre aqueles que receberam o tratamento convencional e o novo.
Estes, após oito sessões de treinamento em um período de 10 semanas, tiveram a
oportunidade de estender o tratamento por mais sessões durante três meses.
Os resultados foram
animadores: depois das primeiras 10 semanas, os pacientes com o novo tratamento
tiveram uma melhora geral de 38% (segundo avaliação dos médicos), contra 6%
daqueles que receberam medicamento. Após seis meses, o benefício continuou,
afirmam os pesquisadores.
"Apesar de os
resultados serem encorajadores, a resposta positiva neste estudo com adultos
foi de certa forma baixa se comparada com nosso estudo anterior em crianças.
Pode ser que os pacientes com tiques persistentes na vida adulta tenham uma
forma mais crônica da desordem. Por outro lado, este é o primeiro tratamento
para tiques associados à síndrome de Tourette para toda a vida", diz
Wilhelm.
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