Perto
do prazo final, faltam projetos de Gestão de Resíduos Sólidos das cidades
(Por: Mariana
Branco, da Agência Brasil, 22/07/2012)
Maior parte dos
resíduos produzidos pela população ainda vai para áreas inadequadas, com
impactos ambientais e sociais (Arquivo/ABr).
Brasília – A maior
parte dos estados e municípios brasileiros ainda não elaborou seu Plano de
Gestão de Resíduos Sólidos, apesar de o prazo para concluir o projeto – que deve indicar como será feito o manejo do
lixo em cada localidade – estar próximo do fim. A partir de 2 de agosto, a cidade que não tiver o planejamento fica
impedida de solicitar recursos federais para limpeza urbana. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente, até o momento houve apenas 47 pedidos de verba
para construção dos planos, entre solicitações de administrações municipais e
estaduais.
Como não é obrigatório
pedir auxílio da União para elaborar os planejamentos, pode haver projetos em
curso dos quais o ministério não tenha ciência. Mas a avaliação do órgão é a de
que o interesse pela criação dos planos de gestão é baixo, mesmo que se leve em
conta estados e municípios atuando por conta própria. “O pessoal tinha outras
demandas e foi deixando de lado. Agora o prazo está se esgotando e a maioria
não elaborou [o projeto]”, diz Saburo Takahashi, gerente de projetos da
Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio
Ambiente.
As
cidades e unidades da Federação tiveram dois anos para construir seus planos de
manejo de resíduos, cuja criação está prevista na Lei n° 12.305/2010,
que instituiu a Política Nacional de
Resíduos Sólidos. As consequências do pouco comprometimento com a exigência
federal poderão ser sentidas cedo por estados e municípios.
“De acordo com a legislação, até 2014 devem
ser eliminados todos os lixões do Brasil. Para isso, será preciso implantar aterros sanitários, o que não se faz da
noite para o dia. As cidades e estados que não tiverem plano de gestão não vão
poder solicitar recursos para fazer isso”, destaca Takahashi.
O represente do
ministério reconhece, porém, que a verba disponível para ajudar municípios e
unidades da Federação a elaborar os planos é escassa. No ano passado, houve
destinação de R$ 42 milhões para essa finalidade, dos quais R$ 36 milhões foram
usados. Este ano não foi disponibilizado dinheiro, e o governo federal
limitou-se a liberar os R$ 6 milhões que não haviam sido executados em 2011.
Saburo Takahashi
ressalta, no entanto, que o ministério
redigiu um manual de orientação para ajudar prefeitos e governadores na
elaboração do plano, disponível no site do órgão (www.mma.gov.br). Além
disso, a pasta firmou convênio com a e-Clay,
instituição de educação a distância que pode treinar gratuitamente gestores
para a criação do plano de manejo. Interessados devem entrar em contato pelo
telefone (11) 5084 3079.
A pesquisadora em meio
ambiente Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB),
considera positiva a capacitação a distância, mas acredita que para tornar a gestão de resíduos uma realidade é
preciso mais divulgação desse instrumento, além da conscientização sobre a importância
do manejo do lixo. “Tem que haver propaganda, um incentivo para as pessoas
fazerem isso [o curso]”, opina. Elaine acredita que a dificuldade para
introdução de políticas de manejo – como reciclagem e criação de aterros
sanitários – atinge sobretudo os municípios pequenos, com até 20 mil
habitantes. “Faltam recursos e contingente técnico nas pequenas prefeituras”,
destaca.
O vice-presidente da
Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), João
Zianesi Netto, também avalia que faltou capacitação e conscientização. “Alguns
[Não criaram o plano] por ignorância, outros por desconhecimento técnico. Em
muitos municípios de pequeno e médio porte, a destinação dos resíduos é
gerenciada por pessoas que não têm a formação adequada. Além disso, há uma
preocupação de que quando você começa a melhorar a questão ambiental você
aumenta os custos”, afirma.
O presidente da
Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziluldoski, reclama da falta
de auxílio financeiro para que as prefeituras cumpram as determinações da Lei
n°12.305. Segundo ele, são necessários R$ 70 bilhões para transformar todos os
lixões em aterro sanitário, até 2014. “Isso equivale à arrecadação conjunta de
todos os municípios do país.
Quando acabar o prazo, os prefeitos estarão
sujeitos a serem processados pelo Ministério Público por não terem cumprido a
lei”, disse. De acordo com ele, a estimativa da CNM é que mais de 50% das
cidades brasileiras ainda não elaboraram os planos de gestão de resíduos.
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