quarta-feira, 17 de agosto de 2011

NOTÍCIA: TATUAGEM QUE ESPIONA O CORPO

Nova Pele Eletrônica Mede Sinais Vitais

Aparelho finíssimo, com aparência de pele descascada, acompanha atividade cerebral, muscular e cardíaca

Inventores já têm plano para incorporar objeto a roupas esportivas; uso em hospitais daria mais conforto a pacientes

Folha de São Paulo, 12-08-2011

Um novo tipo de adesivo para a pele, que possui circuitos eletrônicos embutidos, é capaz de medir sinais como atividade cerebral ou movimento muscular de maneira menos invasiva que uma tatuagem de brinquedo.

A invenção, apresentada ontem por pesquisadores americanos e coreanos, ainda não chegou ao mercado, mas já está atraindo o interesse de parceiros para a comercialização.

"Nós já criamos uma empresa start-up para lidar com capital de risco, a NC10, que possui um acordo com a Reebok para lançar um produto na área de roupas esportivas eletrônicas", afirmou John Rodgers, pesquisador da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign (EUA), líder do projeto.

"Eu tenho esperança de que será possível criar outros produtos com custo razoável, porque nem toda a tecnologia que usamos é nova."

Em uma entrevista coletiva por teleconferência, o cientista mostrou as propriedades físicas do produto num exemplar colado em seu próprio antebraço. Apesar de possuir um circuito eletrônico, o novo adesivo mais se parece com um pedaço de pele descascada.

O produto usa componentes eletrônicos convencionais, mas precisou de duas inovações cruciais para funcionar. Uma delas foi uma técnica para extrair fatias extremamente finas de placas de silício para montar os dispositivos, ao mesmo tempo em que os circuitos eram projetados em zigue-zague, para poderem encolher e esticar como uma sanfona.

A outra novidade apresentada pelos pesquisadores foi a técnica de transferir o delicado circuito resultante do processo para uma fina folha de silicone, que dá sustentação ao dispositivo sem tirar sua flexibilidade.

"Ao final, o produto pode ser aplicado como se fosse uma tatuagem de brincadeira", disse Rodgers. Uma das maneiras com que os cientistas demonstraram a praticidade da pele eletrônica, aliás, foi aplicando-a em um voluntário por baixo de uma tatuagem temporária.
Nos testes realizados até agora, a informação coletada pelos circuitos foi transmitida para computadores por meio de pequenos fios, mas o cientista afirma que já está desenvolvendo tecnologia sem fio para o produto.

BATERIA

A energia usada pelo adesivo também é um problema que já foi parcialmente resolvido. Os circuitos são alimentados por geração mecânica de energia, por meio da movimentação da pele e por minúsculas células de captação de energia solar.

Segundo os pesquisadores, uma das vantagens da nova tecnologia é que ela permite monitorar sinais elétricos vitais não apenas de maneira mais confortável, mas também mais precisa.

Segundo o cientista, o sistema novo permite aplicar algo na escala de milhões de eletrodos em uma pessoa, sem uso dos cabos elétricos e esparadrapos dos sistemas típicos de eletroencefalografia.

Tatuagem de Silício Espiona o Corpo Humano

O Globo, 12-08-2011

Uma nova classe de tatuagem promete mudar nossa compreensão sobre o corpo humano. É a tatuagem eletrônica. Anunciada na edição desta semana da revista americana "Science", ela pode monitorar em tempo real sinais vitais, como as batidas do seu coração, a atividade do cérebro e o fluxo do sangue.

A tatuagem é finíssima, minúscula, impermeável e elástica. Pode ser lavada, comprimida, esticada. Isto é, pode ser usada com conforto. Lembra mais aquelas antigas tatuagens descartáveis que vinham grátis em chicletes do que um sofisticado aparato eletrônico. Mas o chip que carrega poderá um dia, até mesmo, controlar próteses e devolver movimentos a pessoas mutiladas ou paralisadas.

- O bom é que ela pode funcionar no mundo real, sem causar irritação na pele humana, sem ser um obstáculo aos movimentos - disse um dos autores do estudo, John Rogers, da Universidade de Illinois, nos EUA.

A tatuagem combina silício e gálio, dois elementos essenciais na eletrônica. O segredo foi construir os circuitos em nível molecular, com nanotecnologia. Os pesquisadores montaram os circuitos como minúsculos e sinuosos rios. Essa montagem especial conferiu aos circuitos uma flexibilidade inédita, semelhante à da pele humana. Os circuitos então foram ligados a bandas de borracha adesivas. O resultado foi uma tatuagem eletrônica e facilmente removível.

A tatuagem é colocada sobre a pele e para que cole basta pressioná-la levemente com um dedo molhado. Isso faz com que a proteção dos circuitos seja dissolvida e a tatuagem cole na pele.

O circuito tem sensores capazes de medir uma série de parâmetros do corpo humano. Ela pode ser usada por dias e depois conectada a um computador. O próximo passo dos cientistas será fazer com que ela possa ter um transmissor próprio e transmita dados em tempo real para médicos.

Ela foi testada com sucesso no monitoramento dos músculos da garganta. Por enquanto, a tatuagem somente capta os sinais elétricos do corpo, depois traduzidos por um programa especial de computador. Mas no futuro ela poderá enviar sinais elétricos e, com isso, controlar o corpo.

- Aí sim poderíamos, por exemplo, fazer músculos paralisados receberem sinais e movimentarem uma prótese - disse Rogers.

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