REFLEXÃO: Moinho de
Sonhos
(Revista Nova Escola/ Abril – Por João
Anzanello Carrascoza)
A mulher e o menino iam montados no cavalo; o homem
ia ao lado, a pé. Andavam sem rumo havia semanas, até que deram numa aldeia à
beira de um rio, onde as oliveiras vicejavam.
Fizeram uma pausa e, como a gente ali era hospitaleira e a oferta de serviço abundante, resolveram ficar. O homem arranjou emprego num moinho próximo à aldeia. A mulher se juntou a outras que colhiam azeitonas em terras ao redor de um castelo. Levou consigo o menino que, no meio do caminho, achou um velho cabo de vassoura e fez dele o seu cavalo. Deu-lhe o nome de Rocinante.
Fizeram uma pausa e, como a gente ali era hospitaleira e a oferta de serviço abundante, resolveram ficar. O homem arranjou emprego num moinho próximo à aldeia. A mulher se juntou a outras que colhiam azeitonas em terras ao redor de um castelo. Levou consigo o menino que, no meio do caminho, achou um velho cabo de vassoura e fez dele o seu cavalo. Deu-lhe o nome de Rocinante.
Ao chegar aos olivais, o pequeno encontrou o filho
de outra colhedeira - um garoto que se exibia com um escudo e uma espada de
pau.
Os dois se observaram à distância. Cada um se
manteve junto à sua mãe, sem saber como se libertar dela. Vigiavam-se. Era
preciso coragem para se acercar. Mas meninos são assim: se há abismos, inventam
pontes.
De súbito, estavam frente a frente. Puseram-se a
conversar, embora um e outro continuassem na sua. Logo esse já sabia o nome
daquele: o menino recém-chegado se chamava Alonso; o outro, Sancho.
Começaram a se misturar:
- Deixa eu brincar com seu cavalo?, pediu
Sancho.
- Só se você me emprestar sua espada, respondeu
Alonso.
Iam se entendendo, apesar de assustados com a felicidade
da nova companhia.
Avançaram na entrega:
- Tá vendo aquele moinho gigante?, apontou Alonso.
Meu pai sozinho é que faz ele girar.
- Seu pai deve ter braços enormes, disse
Sancho.
- Tem! Mas nem precisava, respondeu Alonso. Ele
move o moinho com um sopro.
Sancho achou graça. Também tinha uma proeza a
contar:
- Tá vendo o castelo ali?, apontou. Meu pai disse
que o dono tem tanta terra que o céu não dá para cobrir ela toda.
- E se a gente esticasse o céu como uma lona e
cobrisse o que está faltando?, propôs Alonso.
- Seria legal, disse Sancho. Mas ia dar um
trabalhão.
- Temos de crescer primeiro.
- Bom, enquanto a gente cresce, vamos pensar num
jeito de subir até o céu! - disse Alonso.
- Vamos!, concordou Sancho.
Sentaram-se na relva. O cavalo, a espada e o escudo
entre os dois.
Um sopro de vento passou por eles.
Já eram amigos: moviam juntos o mesmo sonho.
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