Ministérios lançam política de atenção à saúde da população carcerária
(Redação
RBA publicado 28/11/2013)
Compromisso
engloba pastas da Saúde e da Justiça, além de envolver diretamente secretarias
estaduais e municipais de Saúde, de Administração Penitenciária e de Segurança
Pública. Para membro do CNJ, questão mais grave no sistema prisional diz respeito
aos doentes mentais.
São Paulo
– Para combater a precariedade das condições sanitárias do sistema
prisional do país – que abriga 550 mil detentos – será lançada hoje (28/12/13)
a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional. Superlotação, má alimentação e insalubridade,
principais temas a serem tratados pela política pública, contribuem para que
prisões sejam ambientes propícios para a proliferação de doenças como
tuberculose, pneumonia, doenças de pele, hepatite, HIV e outras.
Douglas
de Melo Martins, coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do
Sistema Carcerário do Conselho Nacional de Justiça, órgão que participou das
discussões sobre as medidas a serem anunciadas, afirma que a política traz
esperanças na implantação de um padrão nacional que modifique as precariedades
no sistema prisional. “O fato da importância que o Ministério da Saúde está
dando ao lançamento, o trabalho realizado anteriormente, a mobilização e
envolvimento das instituições, tudo isso nos dá esperança, a expectativa é que
algo melhore pela forma como o projeto foi construído, coletivamente. Acho que
isso pode fazer que daqui para frente se dê um pouco mais de atenção a este
assunto”, disse à Rádio Brasil Atual.
Para
Martins, a questão mais grave no sistema prisional diz respeito aos doentes
mentais. “É grande a dificuldade de diálogo de todas as instituições quanto ao
cumprimento das medidas de segurança no caso das pessoas que cometeram algum
tipo de crime, mas no decorrer do processo foi constatado que essas pessoas não
sabiam exatamente o que faziam, não eram capazes de se autodeterminar, e
precisam ser tratadas. No sistema, hoje, não temos isso. Algumas vezes as
pessoas são mantidas presas porque a rede de saúde não tem capacidade para
recebê-las, especialmente quando se trata de tratamento de saúde mental”,
comenta.
Segundo
ele, em mutirões carcerários realizados pelo Conselho Nacional de Justiça foram
constatadas situações indignas. “Conhecemos um cidadão com aproximadamente 80
anos, que já tinha alvará de soltura havia décadas e não saía porque não havia
residência terapêutica ou serviço de saúde que promovesse encontro com sua
família. Ele permaneceu preso por falha da rede de saúde.”
O
lançamento da Política de Atenção à Saúde a População Carcerária será em
Brasília, durante o Encontro Nacional de gestores de Saúde no Sistema
Prisional, realizado pelos Ministérios da Saúde e da Justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário