Recifes
produzidos em laboratório surgem como uma solução para recuperar um dos
ecossistemas mais ameaçados do planeta
(Por
Ana Carolina Nunes, Istoé - 22/11/13)
Uma
das principais vítimas do acelerado processo de deterioração causado pela
poluição e pela pesca predatória pelo qual passam os oceanos, os recifes,
agora, estão encontrando nas modernas impressoras 3D um poderoso aliado para
sua recuperação. Por meio da união de ambientalistas australianos, um
engenheiro italiano e um grupo de conservação marinha do Golfo Pérsico, cópias
quase perfeitas de recifes produzidas em laboratório estão sendo colocadas no
fundo dos mares para recompor o que o homem destruiu. O projeto ainda é um
piloto, mas os primeiros resultados têm sido para lá de animadores.
Erico
Dini, engenheiro italiano especialista em impressões em larga escala, está
otimista, pelo fato de o material usado na construção dos recifes artificais
ser o mesmo das formações rochosas originais. “Usamos como matéria-prima a
areia do local onde os recifes serão inseridos e assim criamos uma estrutura
bastante semelhante à versão natural”, conta ele, que tem como principal
projeto a construção de casas por meio de impressoras 3D gigantescas.
As
primeiras unidades desses recifes artificiais de alta tecnologia, que pesam
cerca de uma tonelada e custam algo próximo a R$ 3,5 mil a unidade, foram depositados
na costa do Bahrein, no Golfo Pérsico, e na Austrália, país que é dono de uma
das mais vastas áreas de recifes do mundo. As peças estão submersas há quase um
ano e já foram povoadas por peixes, algas e milhares de outras espécies
marinhas que dependem dos recifes para se alimentar e procriar.
Considerados
como as florestas dos mares, os recifes ocupam apenas 1% da área total dos
oceanos, algo como 280 mil quilômetros quadrados. Apesar disso, cerca de 50% de
todas as 40 mil espécies de peixes que habitam o planeta vivem quase
exclusivamente em torno dos recifes, que vêm sendo destruídos de forma
sistemática ao longo das últimas décadas. Na costa do Bahrein, por exemplo,
eles praticamente desapareceram. Na Grande Barreira de Corais, o conjunto de
recifes mais famoso do mundo, um processo de despigmentação das rochas está
colocando em risco milhares de espécies marinhas.
Ainda
é cedo para dizer se o projeto terá o sucesso esperado por seus idealizadores –
há quem diga que esse é apenas um paliativo e que apenas a redução da
destruição das formações originais pode, de fato, salvar os grandes recifes.
Mas, de qualquer forma, a experiência apenas reforça as imensas capacidades das
impressoras 3D, que rapidamente vêm se popularizando no mercado. Apesar das
ameaças que a tecnologia pode oferecer – como a facilidade em imprimir uma arma
de fogo funcional em casa – é difícil discordar das possibilidades para o
desenvolvimento abertas por essas máquinas.
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