Ministério
diz que não há consenso sobre eficácia da mastectomia para prevenção do câncer
(Por Elaine Patricia Cruz, Repórter
da Agência Brasil. Edição: Andréa Quintiere e Juliana Andrade, 19/05/2013)
São Paulo – O Ministério da
Saúde alerta que ainda não há consenso científico sobre a eficácia da cirurgia
de retirada das mamas (mastectomia) como forma de prevenção do câncer. O
assunto ganhou destaque depois que a atriz norte-americana Angelina Jolie anunciou
que se submeteu à cirurgia após ter feito um sequenciamento genético que
identificou um “defeito” no gene BRCA1. Assim como a mãe, que morreu de câncer
aos 56 anos, a atriz tem uma mutação nesse gene que aumenta o risco de
desenvolvimento de câncer de mama e de ovário. Segundo a atriz, a mastectomia
diminuiu em 85% as chances de ela ter um câncer de mama no futuro.
No Brasil, o Sistema Único
de Saúde (SUS) não faz nem a mastectomia nem o exame de sequenciamento genético
como forma de prevenir a doença. Segundo o Ministério da Saúde, a cirurgia para
retirada das mamas só é feita depois da descoberta de um tumor. Alguns
hospitais e clínicas particulares fazem o sequenciamento, que pode custar até
R$ 7 mil.
“O maior problema que nós
enfrentamos não é com relação à cirurgia, mas em se fazer o diagnóstico da
mutação. O exame é caro, não está disponível na rede pública e nem todo mundo
que teria a indicação para se fazer o exame tem acesso a ele”, disse a médica
Maria Del Pilar Estevez Diz, coordenadora da Oncologia Clínica do Instituto do
Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), em entrevista à Agência Brasil.
“Uma em cada nove ou dez
mulheres vai desenvolver câncer de mama. Ele é muito frequente. É o principal
câncer na população feminina. Segundo o Inca [Instituto Nacional do Câncer],
são mais de 52 mil novos casos por ano.” Mas, para que a doença seja
considerada hereditária, não basta ter somente um caso registrado na
família, como explica Maria Del Pilar. “É preciso ter uma história familiar
forte, de múltiplos cânceres, e, além disso, identificar a mutação que é
responsável por esse câncer hereditário”, explicou a médica. De acordo com o
Ministério da Saúde, a hereditariedade responde por cerca de 10% do total de
casos.
A mastectomia só é
recomendada pelos médicos como prevenção quando a paciente já fez o
sequenciamento genético. “Identificando-se essa paciente de risco, com muita
calma, serenidade e certamente após várias consultas, deve-se discutir com ela
as possibilidades de redução de risco”, disse Maria Del Pilar.
Nos casos de mulheres com
histórico de câncer de mama na família, o Ministério da Saúde recomenda que
elas façam acompanhamento médico a partir dos 35 anos para que o profissional
avalie, junto com a paciente, os exames e procedimentos mais indicados.
“O SUS oferece gratuitamente
exames para o diagnóstico precoce de câncer de mama, além de tratamento e
acompanhamento de pessoas com a doença”, diz o ministério, por meio de nota,
acrescentando que, no ano passado, 4,4 milhões de exames de mamografia foram
feitos no país.
Para este ano, o Ministério
da Saúde estimou 52.680 novos casos de câncer de mama. Em balanço de 2010, o
mais recente divulgado pelo ministério, 12.852 pessoas morreram por causa da
doença, sendo que, desse total, 12.705 eram mulheres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário