Tecnologia da UnB
facilita a locomoção de pessoas com deficiência
Técnica permite que alguns músculos paralisados se movam a
partir de estímulos provocados por eletrodos fixados na pele
(Por Mauricio Thuswohl para a RBA. 20/09/2016)
Rio de Janeiro – Palco da Paralimpíada, que terminou
no domingo (18), o Rio de Janeiro conheceu na última semana dos Jogos um
projeto de sucesso desenvolvido por brasileiros no campo da tecnologia
assistiva, ramo da ciência dedicado às técnicas e inovações que visam a
facilitar a locomoção e melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de
necessidades especiais. Desenvolvida na Universidade de Brasília (UnB), pela
equipe liderada pelo professor Antônio Padilha, a técnica permite que alguns
músculos paralisados se movam a partir de estímulos provocados por eletrodos
fixados na pele.
Com essa nova tecnologia, pessoas com problemas de locomoção conseguem pedalar uma bicicleta de três rodas especialmente adaptada, conhecida como Trike. O projeto brasileiro foi apresentado durante uma série de eventos e debates sobre tecnologia assistiva realizada pelo governo da Suíça na casa de hospitalidade montada pelo país para os Jogos, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Com essa nova tecnologia, pessoas com problemas de locomoção conseguem pedalar uma bicicleta de três rodas especialmente adaptada, conhecida como Trike. O projeto brasileiro foi apresentado durante uma série de eventos e debates sobre tecnologia assistiva realizada pelo governo da Suíça na casa de hospitalidade montada pelo país para os Jogos, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Por conta deste trabalho, Padilha foi um dos condutores da
tocha paralímpica no Distrito Federal, no último dia 1º. Ele acendeu a
pira no palco montado no Parque da Cidade. “Trabalho com essa temática há
muito tempo e creio que foi por isso que me chamaram”, opina. "Fiquei
muito orgulhoso de poder representar esse espírito", disse o professor.
A Estimulação Elétrica Funcional foi desenvolvida no Brasil
como parte do projeto Empowering Mobility & Autonomy (EMA),
coordenado pelo professor da UnB: “O uso de estímulo elétrico para a
restauração do movimento foi algo proposto décadas atrás. Apesar de ótimos
resultados, a tecnologia ainda tem que provar o seu potencial para pessoas que
sofreram lesão medular. O ciclismo, com essa tecnologia, pode ser
utilizado para fins recreativos, como a corrida, mas também pode proporcionar
benefícios funcionais, como melhora da saúde card iovascular, diminuição do
risco de fratura e aumento da força muscular”, diz Padilha.
A Trike foi desenvolvida em uma parceria entre o Laboratório
de Automação e Robótica (Lara),o Núcleo de Tecnologia Assistiva, Acessibilidade
e Inovação (NTAAI) e o Centro de Treinamento em Educação Física Especial
(Cetefe). A bicicleta, segundo seus desenvolvedores, contribui para a
reabilitação dos membros inferiores e pode proporcionar uma melhora no quadro
clínico geral das pessoas portadoras de necessidades especiais, além de
proporcionar também lazer e interação.
A casa suíça também apresentou ao público
carioca a técnica conhecida como Brain Computer Interface (BCI), que
usa estímulos do cérebro para controlar um avatar em um jogo de
videogame. O mecanismo pode tornar pessoas com tetraplegia aptas a
controlar diferentes tipos de dispositivos, como computadores, braços robóticos
e cadeiras de rodas elétricas, entre outros: “Esta tecnologia terá um
grande uso para pessoas que tiveram a função motora severamente afetada
decorrente de paralisia no nível do pescoço, acid ente vascular cerebral,
doença neurológica ou outra lesão”, diz Peter Wolf, pesquisador
do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique.
Cybathlon
Tanto o BCI quanto a Estimulação Elétrica
Funcional serão demonstradas durante o Cybathlon, ou Olimpíada
Biônica, competição entre cientistas desenvolvedores de novos recursos em
tecnologia assistiva que será realizada em Zurique, na Suíça, no dia 8 de
outubro: “O Cybathlon é uma competição inédita e idealizada com
o objetivo de facilitar a troca entre o meio acadêmico e a indústria, ampliar a
discussão entre desenvolvedores de tecnologia e pessoas com necessidades
especiais e promover o uso de ajudas técnicas robóticas para o público”, diz
Wolf.
A comissão organizadora do Cybathlon é composta por
médicos, especialistas em robótica e especialistas em comunicação. Além da
demonstração de novidades em tecnologia assistiva, o evento terá
competições nas quais serão testadas novas próteses para braços e pernas e
exoesqueletos mecânicos em percursos que incluirão inclinações, escadas e
pedras. Também haverá uma corrida em cadeira de rodas elétri ca, na qual os
competidores terão que superar seis obstáculos durante o percurso.
Quem conduzirá a Trike durante o Cyblathon é Estevão Lopes, que ficou paraplégico após ser vítima de uma bala perdida. Lopes é praticante de vela adaptada, canoagem e halterofilismo, e foi escolhido para representar o Brasil na Suíça após uma série de testes realizados no Cetefe: "Desde que comecei a treinar com a Trike, ganhei quase dez centímetros no diâmetro da coxa. A qualidade da minha circulação e o aspecto da pele estão melhores também", diz o ciclista, em declaração publicada no site da UnB.
Quem conduzirá a Trike durante o Cyblathon é Estevão Lopes, que ficou paraplégico após ser vítima de uma bala perdida. Lopes é praticante de vela adaptada, canoagem e halterofilismo, e foi escolhido para representar o Brasil na Suíça após uma série de testes realizados no Cetefe: "Desde que comecei a treinar com a Trike, ganhei quase dez centímetros no diâmetro da coxa. A qualidade da minha circulação e o aspecto da pele estão melhores também", diz o ciclista, em declaração publicada no site da UnB.
Qualidade de vida
Em Zurique, diz o pesquisador suíço, as competições serão
mais do que simplesmente uma disputa para ver quais são os melhores aparelhos e
tecnologias desenvolvidos no ramo da tecnologia assistiva. Elas servirão,
sobretudo, para testar novidades que podem trazer melhoras concretas na
qualidade de vida das pessoas portadoras de necessidades especiais: “Em relação
às próteses mecânicas de braço, por exemplo, o Cybathlon vai testar a
tecnologia mais sofisticada e de fácil manejo para descobrir qual prótese
consegue desempenhar melhor as tarefas do dia a dia”, diz Peter Wolf.
Em relação aos exoesqueletos mecânicos, “a procura é pelo
modelo mais ágil e confortável, que permita ao usuário controlar facilmente uma
grande diversidade de movimentos diários, até subir escadas e andar em terrenos
irregulares”, explica o suíço, acrescentando que das cadeiras de rodas
elétricas, por sua vez, o que se procura são modelos cada vez mais seguros,
confortáveis e de fácil manuseio.
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