Entenda o que é o
ebola e como a doença mortal se espalha
Agentes
de saúde pública estão entre os que mais correm risco de contrair o Ebola
BBC/
Brasil – 05/08/2014
A
epidemia de ebola no oeste da África é a pior de que se tem registro na
história. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 887 pessoas
morreram na região por causa da doença, levando autoridades de saúde da Guiné,
Libéria e Serra Leoa a correr contra o tempo para tentar controlar o vírus.
- O que é o ebola?
Ebola
é uma doença causada por um vírus cujos sintomas iniciais incluem febre,
fraqueza extrema, dores musculares e dor de garganta, segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS). À medida que a doença avança, o paciente pode sofrer de
vômitos, diarreias e – em alguns casos – hemorragia interna e externa.
Humanos
contraem a doença por meio do contato com animais - como chimpanzés, morcegos e
antílopes - contaminados. Entre humanos, o vírus pode se espalhar por meio do
contato direto com sangue contaminado, fluidos corporais ou órgãos do doente,
ou mesmo por meio do contato com ambientes contaminados. Até funerais de
vítimas de ebola podem representar risco, se outras pessoas tiverem contato
direto com o corpo do defunto.
O
período de incubação pode demorar de dois dias a três semanas, e o diagnóstico
é difícil. Em humanos, a doença está limitada majoritariamente à África, embora
um caso tenha ocorrido nas Filipinas. Agentes de saúde pública também correm
risco caso tratem pacientes sem tomar as precauções adequadas para prevenir a
contaminação. As pessoas permanecem contaminadas enquanto seu sangue e suas
secreções contiverem o vírus – em alguns casos, até sete semanas depois da
recuperação.
- Onde a doença
ocorre?
Surtos
de ebola têm ocorrido primariamente em vilarejos remotos da África Central e
Ocidental, segundo a OMS. A doença apareceu originalmente na República
Democrática do Congo (quando se chamava Zaire), em 1976. Desde então, se
espalhou para o leste, afetando países como Uganda e Sudão.
O
surto atual tem a particularidade de ter se iniciado na Guiné, que nunca tinha
registrado um caso antes, e de estar se espalhando por áreas urbanas. De
Nzerekore, uma área rural no sudeste da Guiné, o vírus chegou à capital,
Conakry, e aos países vizinhos Libéria e Serra Leoa.
- Mortes por Ebola
Guiné
- 358, de um total de 485 casos
Libéria
- 255, de um total de 468 casos
Serra
Leoa - 273, de um total de 646 casos
Nigéria
- 1 de quatro casos
*
Número de casos inclui prováveis casos
Um
homem que viajou de avião entre a Libéria e Lagos (Nigéria) em julho foi
mantido em quarentena ao desembarcar e depois morreu por causa do ebola - o
primeiro caso na Nigéria. Um dos médicos que o trataram foi infectado e oito
pessoas com quem ele teve contato agora estão em isolamento.
A
organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) qualifica o surto de "sem
precedentes", pois os casos se distribuem por áreas separadas por centenas
de quilômetros na Guiné. A ONG diz que a tarefa de acompanhar pessoas que
tiveram contato com pacientes de ebola é uma "corrida contra o
relógio".
- Que medidas estão
sendo tomadas contra o ebola?
O
Banco Mundial anunciou que destinará US$ 200 milhões em caráter de urgência
para ajudar Guiné, Libéria e Serra Leoa a conter a epidemia de ebola.
Centenas
de soldados na Libéria e em Serra Leoa foram mobilizados para conter o pânico
nas comunidades afetadas e transportar equipes médicas de um vilarejo a outro. A
Libéria já fechou escolas e a maioria das suas fronteiras e colocou em
quarentena as comunidades onde o vírus foi encontrado.
Em
julho, a morte de um renomado médico liberiano, Samuel Brisbane, ajudou a
propagar os esforços de comunicação do governo sobre o vírus. Em Serra Leoa, o
médico que liderava os esforços contra a doença também se converteu em uma de
suas vítimas.
- Ainda não há cura
para o Ebola
As
companhias aéreas Asky e Arik Air, que operam no Oeste da África, suspenderam
seus voos para Libéria e Serra Leoa. Testes mais rigorosos estão sendo
realizados em aeroportos. No início do surto atual, o Senegal fechou sua
fronteira com a Guiné.
Países
asiáticos, como China e Vietnã, também estão se mobilizando para evitar a
entrada do vírus em seu território, com ações como o monitoramento mais
criterioso de passageiros nos aeroportos.
- Quais são as
precauções a ser tomadas?
- Segundo a OMS, evitar o contato com pacientes de ebola e seus fluidos corpóreos.
- Não tocar nada em ambientes públicos que possa carregar o vírus - por exemplo, toalhas de mão.
- Quem estiver cuidando de pacientes de ebola precisa usar equipamento de proteção, como luvas e máscaras, e lavar bem as mãos regularmente.
- Populações em áreas rurais estão sendo aconselhadas pela OMS a não consumir carnes cruas de animais selvagens e manter a distância de morcegos, macacos e primatas. Alguns tipos de morcegos são considerados iguarias na Guiné, onde o surto teve início.
- Em março, o Ministério da Saúde da Libéria aconselhou as pessoas a evitar sexo; o vírus pode ser transmitido pelo sêmen, mesmo até sete semanas depois da eventual recuperação de um paciente, observa a OMS.
- As recomendações já eram de evitar apertos de mão e beijos.
- O que fazer quando
se contrai o vírus?
Manter-se
em isolamento e procurar ajuda médica profissional. A chance de sobrevivência
aumenta se o paciente começar a receber tratamento imediatamente.
Não
existe vacina para o vírus, embora algumas, assim como tratamentos clínicos,
estejam em testes.
Como
os pacientes ficam desidratados rapidamente, a recomendação é beber líquidos
que contenham eletrólitos ou receber fluídos por via intravenosa.
Segundo
a Médicos Sem Fronteiras, o atual surto é causado pela variedade mais agressiva
do ebola, matando entre 50% e 60% das pessoas que infecta.
Não
se sabe que fatores determinam que alguns pacientes se recuperem e outros
sucumbam.
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