USP descobre nova
substância que pode ser usada contra doença de Chagas
O
medicamento usado atualmente tem efeitos limitados. Segundo o Ministério da
Saúde, existem pelo menos 2 milhões de pessoas infectadas no Brasil
(Por
Daniel Mello, da Agência Brasil - 17/06/2014)
Sem
tratamento, a doença pode evoluir para a forma crônica, que provoca o
crescimento de órgãos. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão
desenvolvendo nova molécula para tratamento da doença de Chagas. Segundo a
professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, vinculada
à USP, Ivone Carvalho, a substância é menos tóxica e mais eficiente no
tratamento do que os medicamentos usados atualmente. “Nesses estudos, ela
mostrou uma resposta interessante. Não foi tóxica para a célula. Teve maior
atividade para matar o parasita do que o próprio fármaco”, destacou em
entrevista à Agência Brasil.
Os
estudos tiveram como base a estrutura do benznidazol, remédio utilizado no
Brasil para combater o Trypanossoma cruzi, parasita transmitido pelo inseto
conhecido como barbeiro e causador da doença. Ivone explica que a ideia é
aperfeiçoar o tratamento. “Nós temos problemas com o tratamento atual, que é
antigo. O medicamento disponível tem problemas de toxicidade, de ineficácia na
fase crônica. E também desenvolvimento de resistência ao tratamento”, explicou.
Na
fase inicial, a doença tem sintomas como febre e mal-estar, podendo ser
confundidas com outras enfermidades. Caso não seja tratado adequadamente, o
paciente pode desenvolver a forma crônica da doença, quando o Trypanossoma se
hospeda nos tecidos e pode causar o crescimento de órgãos como o coração e o
esôfago.
O
medicamento usado atualmente tem efeitos limitados para eliminar o parasita
nessa segunda fase do mal de Chagas. Segundo o Ministério da Saúde,
existem entre 2 milhões e 3 milhões de pessoas infectadas no Brasil, a maior
parte na fase crônica.
A
descoberta da molécula já foi patenteada pela Agência USP de Inovação. Além de
ser mais eficiente, a nova substância deverá ter menos efeitos colaterais do
que a usada hoje, que pode causar enjoos e dores estomacais. “Nós temos aí uma
entidade química promissora”, comemora Ivone sobre a molécula que até agora só
foi testada in vitro. O próximo passo serão os testes com camundongos, a serem
feitos na Faculdade de Medicina da USP.
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