Compartilhamento
de carros elétricos chega ao Brasil
(Isabela
Vieira - Repórter da Agência Brasil. Edição: Talita Cavalcante - 20/12/2014)
Depois
de compartilhar bicicletas, cidades brasileiras dão os primeiros passos para
fazer o mesmo com os carros. Começou a funcionar, no Recife, o primeiro sistema
de compartilhamento de veículos elétricos do país (car sharing). O modelo, implantado nos Estados Unidos e na Europa, permite ao usuário pegar o carro em vagas
ou garagens espalhadas pela cidade e devolvê-lo, depois, em um período
determinado. Em 2015, o modelo deve estar em funcionamento também no Rio de
Janeiro, que lançou este mês chamada pública sobre a viabilidade do projeto.
Uma empresa em São Paulo oferece o serviço desde 2010, mas tem somente carros
movidos à combustível.
A
escolha pelo compartilhamento de carros elétricos no Recife, segundo a gerente
do projeto do Porto Digital, Cidinha Gouveia, busca melhorar a mobilidade no centro. “O trânsito aqui está ficando pior
que em outras capitais [mais populosas] como São Paulo, segundo estatísticas
recentes. Nos horários de pico, é impossível se deslocar de um ponto a outro e
as pessoas podem esperar até 40 minutos por uma vaga”, informou. Com o novo
sistema, que tem vagas fixas em três estações, quem precisa de um carro para
curtas distâncias pode fugir dos problemas.
No
Recife Antigo, bairro do centro, a iniciativa começou a ser testada
segunda-feira (15) e estará disponível ao público em março. Os usuários poderão
aderir a um plano mensal de R$ 30 e
arcar com uma taxa extra de R$ 20 por uso, com a possibilidade de esse
valor ser divido, se for concedida carona. É que o sistema identifica pessoas
que pretendem fazer o mesmo trajeto.
Ainda
pouco conhecido no país, o
compartilhamento tem um grande potencial, avalia o professor da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Leonardo Meira. Ele explica que o
modelo surgiu na Europa na década de 1980 e é complementar ao transporte público, incluindo as bicicletas. Além
de reduzir a poluição e o trânsito nas cidades, Meira destaca
que incentiva a racionalização do uso do
carro. “Pesquisas mostram que o compartilhamento tira das ruas até sete
carros particulares, na Alemanha e na Suíça, onde é muito forte.”
Vislumbrando
o sucesso das bicicletas compartilhadas, a cidade do Rio lançou chamada pública
para colher propostas para o sistema. “Queremos saber quantos veículos são
necessários, quantos carros devem ter cada estação, quantas estações precisam
ser criadas, em quais bairros e com qual a distância”, explicou o subsecretário
de Projetos Estruturantes da Secretaria Especial de Concessões e Parcerias
Público-Privadas, Gustavo Guerrante.
No
Rio, a ideia é que o compartilhamentos seja usado para curtas e longas
distâncias, a partir de 2015, utilizando vagas especiais na cidades, que já
estão sendo separadas, antecipou Guerrante. “Não podemos limitar a um trajeto
curto porque, supondo que a pessoa sai do centro da cidade em direção à Barra
[da Tijuca], não tem jeito, o trajeto pode chegar a 40 quilômetros.”
A
empresa Zazcar, em São Paulo, foi a primeira a oferecer o compartilhamento no
país. Em entrevista à imprensa, o presidente Felipe Barros disse que a procura
cresce ano a ano por pessoas que abriram mão de ter um veículo próprio. Com
cerca de 3 mil usuários e 45 estações para retirada de veículos, o aluguel por
hora varia entre R$ 6,90 e R$ 11,50.
Como
mostra de que o serviço está chegando a todo país, a partir de 2015 começa a
funcionar, em Porto Alegre, em fase de testes, o compartilhamento de carros
elétricos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Criado por
estudantes da pós-graduação, que montaram a startup MVM Technologies, o sistema
interligará todos o campus, antes de chega a toda a cidade. "Temos um
planejamento para segunda etapa, tornando possível um serviço de escala, em
Porto Alegre. Fora disso, a expansão para região metropolitana, o que é
possível , temos que ver um prazo mais longo”, explicou o diretor executivo da
empresa, Lucas de Paris.
Para
o professor do curso de pós-graduação em Transportes da Universidade de
Brasília (UnB) José Augusto Abreu, o
compartilhamentos de carros elétricos é eficiente em casos eventuais e tem
grande potencial de melhorar a qualidade de vida na área urbana. “Temos um
trânsito engarrafado, com poluição elevada e risco de acidente. Os carros
elétricos são uma ótima alternativa para
retirar veículos das ruas, reduzir a emissão de gases tóxicos e de barulho,
pois são mais silenciosos”, analisa ele, defensor também do compartilhamento de
bicicletas.
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