SÍNDROME
DE GUILLAIN-BARRÉ
(Por
Drauzio Varella.com - Edição revista e atualizada em 05/01/2016. Publicado em 18/08/2011. Revisado em 20/10/2017)
SOBRE
A
síndrome de Guillain-Barré, também conhecida por polirradiculoneuropatia
idiopática aguda ou polirradiculopatia aguda imunomediada, é uma doença do
sistema nervoso (neuropatia) adquirida, provavelmente de caráter autoimune,
marcada pela perda da bainha de mielina e dos reflexos tendinosos. Ela se
manifesta sob a forma de inflamação aguda desses nervos e, às vezes, das raízes
nervosas, e pode afetar pessoas de qualquer idade, especialmente, os adultos
mais velhos.
O
processo inflamatório e desmielizante interfere na condução do estímulo nervoso
até os músculos e, em parte dos casos, no sentido contrário, isto é, na
condução dos estímulos sensoriais até o cérebro. Em
geral, a moléstia evolui rapidamente, atinge o ponto máximo de gravidade por
volta da segunda ou terceira semana e regride devagar. Por isso, pode levar
meses até o paciente ser considerado completamente curado. Em alguns casos, a
doença pode tornar-se crônica ou recidivar.
CAUSAS
Não
se conhece a causa específica da síndrome. No entanto, na maioria dos casos,
duas ou três semanas antes, os portadores manifestaram uma doença aguda
provocada por vírus (citomegalovírus, Epstein Barr, da gripe e da hepatite, por
exemplo) ou bactérias (especialmente, Campylobacter jejuni).
A hipótese é que
essa infecção aciona o sistema de defesa do organismo para produzir anticorpos
contra os micro-organismos invasores. No entanto, a resposta imunológica é mais
intensa do que seria necessário e, além do agente infeccioso, ataca também a
bainha de mielina que reveste os nervos periféricos. Cirurgias, vacinação,
traumas, gravidez, linfomas, gastrenterite aguda e infecção das vias
respiratórias altas podem ser consideradas outras causas possíveis da
polirradiculoneuropatia aguda.
Há
indícios de que possa ocorrer uma correlação entre o aumento de casos da
síndrome de Guillain-Barré e a infecção por Zika virus. Como a doença não é de
notificação compulsória às autoridades públicas de saúde e só aparece depois
que o vírus não está mais presente no organismo fica difícil determinar a
possível relação entre os dois episódios.
SINTOMAS
O
sintoma preponderante da síndrome de Guillain-Barré é a fraqueza muscular
progressiva e ascendente, acompanhada ou não de parestesias (alterações da
sensibilidade, como coceira, queimação, dormência, etc.), que se manifesta
inicialmente nas pernas e pode provocar perdas motoras e paralisia flácida. Com
a evolução da doença, a fraqueza pode atingir o tronco, braços, pescoço e
afetar os músculos da face, da orofaringe, da respiração e da deglutição.
Em
número menor de casos, o comprometimento dos nervos periféricos pode produzir
sintomas relacionados com o sistema nervoso autônomo, como taquicardia,
oscilações na pressão arterial, anormalidades na sudorese, no funcionamento dos
intestinos e da bexiga, no controle dos esfíncteres e disfunção pulmonar. Os
sintomas regridem no sentido inverso ao que começaram, isto é, de cima para
baixo.
DIAGNÓSTICO
O
diagnóstico tem como base a avaliação clínica e neurológica, a análise
laboratorial do líquido cefalorraquiano (LCR) que envolve o sistema nervoso
central, e a eletroneuromiografia.
É
muito importante estabelecer o diagnóstico diferencial com outras doenças
autoimunes e neuropatias, como a poliomielite e o botulismo, que também podem
provocar déficit motor.
TRATAMENTO
O
tratamento da síndrome conta com dois recursos: a plasmaférese (técnica que
permite filtrar o plasma do sangue do paciente) e a administração intravenosa
de imunoglobulina para impedir a ação deletéria dos anticorpos agressores.
Exercícios fisioterápicos devem ser introduzidos precocemente para manter a
funcionalidade dos movimentos.
Medicamentos
imunosupressores podem ser úteis, nos quadros crônicos da doença.
Importante:
A síndrome de Guillain-Barré deve ser considerada uma emergência médica que
exige internação hospitalar já na fase inicial da enfermidade. Quando os
músculos da respiração e da face são afetados, o que pode acontecer
rapidamente, os pacientes necessitam de ventilação mecânica para o tratamento
da insuficiência respiratória.
RECOMENDAÇÕES
Esteja
atento às seguintes considerações:
*
Em grande parte dos casos, a síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio
autolimitado. No entanto, o paciente deve ser levado imediatamente para o
hospital assim que apresentar sintomas que possam sugerir a doença, porque pode
precisar de atendimento de urgência;
*
Como ainda não foram determinadas as causas da doença, não foi possível também
estabelecer as formas de preveni-la;
*
O processo de recuperação da síndrome, em geral, é vagaroso, mas o
restabelecimento costuma ser completo;
*
É muito pequeno o número de casos da síndrome em que a causa pode ser atribuída
à vacinação, em geral, contra gripe e meningite. Por isso, as pessoas devem
continuar tomando essas vacinas normalmente;
*
A fisioterapia é um recurso fundamental especialmente para o controle e
reversão do déficit motor que a síndrome pode provocar.
FIQUE ATENTO E CUIDE-SE!!!