Aplicativo
educacional ABC Autismo tem quase 40 mil downloads
(Por
Agência Brasil - 01/11/2015 - Edição: Fábio Massalli)
Com
quase 40 mil downloads registrados, o aplicativo ABC Autismo auxilia muitos crianças e adolescentes autistas com dificuldade no
processo de aprendizagem. A ferramenta desenvolvida por pesquisadores do
Instituto Federal de Alagoas (Ifal).
O
aplicativo adota as premissas do programa Tratamento e Educação para Autistas e
Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação (Teacch), criado em 1964,
na Universidade da Carolina do Norte (EUA), por ele ser um programa
mundialmente utilizado para auxiliar no
processo de alfabetização de crianças com o transtorno de desenvolvimento.
Coordenadora
do projeto que desenvolveu o aplicativo, Mônica Ximenes explicou que a
estrutura do ABC Autismo é baseada em quatro níveis de dificuldade, assim como
o programa Teacch. “Os dois primeiros níveis são com habilidades concretas, mas
como a gente não podia transpor essas atividades concretas para um aplicativo,
a gente pegou atividades dos níveis 3 e 4 do Teacch e transformou em quatro
níveis de complexidade no aplicativo.”
No
jogo, nos dois primeiros níveis a
criança aprende habilidades como
transposição e discriminação. A partir do terceiro nível, as atividades ficam mais complexas, exigindo um maior raciocínio por parte do usuário.
O quarto e último nível do
aplicativo, que está de acordo com o quarto nível do Teacch, aborda a questão
do letramento, no qual é ensinado a
repartição de sílabas, conhecimento de vogais e formação de palavras.
Mônica
relatou que o Teacch trabalha com um ensino estruturado, com aprendizagem
mediante sinalização visual. “Quando a criança olha para a tarefa, a própria
atividade já indica o que precisa ser feito. Então, isso traz uma autonomia e
uma independência para a criança, porque ela não precisa de ajuda para entender
a proposta da tarefa, o que ajuda a evitar distrações. A porta de entrada de aprendizagem do autista é visual, por isso
ele precisa de estruturas de aprendizagem apoiadas no modelo visual.”
O
aplicativo foi testado na Associação de Amigos Autistas de Alagoas e teve um
bom resultado por causa da aceitação dos jovens. Mônica diz que a validação
científica será feita com a tese de mestrado de um participante do projeto. “A
ideia é verificar se a ferramenta proporciona uma aceleração do aprendizado de
algumas habilidades.”
De
acordo com a neuropediatra Carla Gikovate, o aprendizado de português de
crianças autistas é bem diferenciado, porque há diferentes tipos de
dificuldades para crianças autistas para aprender português.
“Tem
crianças que não alfabetizam porque não conseguem prestar atenção nas letras,
outras podem ter dificuldade em memorizar o que aprenderam, outras podem ter
dificuldades de grafismo ao fazer a forma das letras. Cada tipo de dificuldade
pressupõe uma intervenção diferente.”
DEPOIMENTOS
Heitor,
de 3 anos, diagnosticado com autismo em junho de 2014, é um dos usuários ativos
do jogo. A mãe do menino, Tatiane Regina da Paz, diz que o ABC Autismo ajudou o
filho, por exemplo, a ter coordenação
para encaixar objetos. “Foi uma grande ajuda, tanto que serve para ele desestressar, além de ser
educativo. O aplicativo ajuda muito para prender a atenção dele, ele ficar
parado e concentrado por um período razoável.”
Com
grau de comprometimento significativo de autismo, os gêmeos Gustavo e
Cristiano, de 20 anos, que não foram alfabetizados, dominam as fases
apresentadas no jogo. Segundo a mãe, Maria Helena de Azeredo Roscoe, devido à
boa interface da ferramenta, os dois conseguem abrir o game espontaneamente
e jogá-lo com bastante autonomia.
“Para
eles, utilizar o aplicativo é prazeroso porque facilita a compreensão e eles acabam aprendendo coisas de uma forma
que, para eles, é mais fácil. O aplicativo desperta
o interesse, facilita o aprendizado,
tudo com uma certa autonomia.”
Maria Helena, que também é diretora-técnica da Associação Brasileira de Autismo, disse que o aplicativo precisaria ter outros níveis de dificuldade. “Para uma aprendizagem mais sólida, eu acho que teria que ter mais conteúdo nesse mesmo formato do aplicativo. Eu acho que tem chance de melhorar mais a aprendizagem de português se forem introduzidos mais módulos no jogo, com graus de dificuldade maiores”, avaliou.
Maria Helena, que também é diretora-técnica da Associação Brasileira de Autismo, disse que o aplicativo precisaria ter outros níveis de dificuldade. “Para uma aprendizagem mais sólida, eu acho que teria que ter mais conteúdo nesse mesmo formato do aplicativo. Eu acho que tem chance de melhorar mais a aprendizagem de português se forem introduzidos mais módulos no jogo, com graus de dificuldade maiores”, avaliou.
SOBRE
O AUTISMO
O
autismo é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante
ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos. Embora
todas as pessoas com transtornos do espectro autista partilhem essas
dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes. Assim,
essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem óbvias para todos; ou
podem ser mais sutis e tornarem-se mais visíveis ao longo do desenvolvimento.
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