Inovação
brasileira pode diminuir número de infecções hospitalares
FINEP, 10/10/2014
No
Brasil, uma média de 100 mil pessoas morrem por ano em decorrência de doenças
contraídas dentro de hospitais. Contudo, essa realidade pode mudar graças a uma
inovação desenvolvida por uma empresa brasileira, apoiada com R$ 4 milhões pelo
fundo Cventures, que tem a Finep como um de seus investidores. Localizada no
Sapiens Parque, em Florianópolis-SC, a Neoprospecta
desenvolveu uma tecnologia capaz de fazer diagnósticos microbiológicos em larga
escala, utilizando sequenciamento de DNA.
“Nossa
plataforma representa o futuro da análise biológica”, afirma Marcos Oliveira de
Carvalho, diretor-presidente da empresa, ressaltando a importância da realização de uma “auditoria microbiológica dentro dos
hospitais”: “Devido às limitações da tecnologia atual, não é possível
controlar todas as bactérias presentes neste tipo de ambiente. Já descobrimos,
por exemplo, que os jalecos dos médicos geralmente são contaminados porque não
são retirados na hora do almoço”.
O
método aplicado pela Neoprospecta não utiliza as chamadas placas de cultura –
utilizadas para analisar as bactérias –, o que torna o processo mais rápido e
específico, além de menos custoso. Segundo Oliveira, a escala de análise criada
pela empresa é infinitamente maior do que a utilizada no método tradicional.
“Enquanto é possível analisar somente uma espécie por vez através das placas de
cultura, conseguimos verificar milhares de espécies em apenas uma amostra com
as nossas plataformas, porque vamos direto ao DNA da bactéria”, explica.
Recorrentes
no Brasil, as infecções hospitalares são um problema comum no mundo todo. Nos
Estados Unidos, por exemplo, segundo estimativas dos Centros de Prevenção de
Controle de Doenças, de 5% a 10% dos pacientes internados desenvolvem alguma
infecção associada ao atendimento.
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Atuação em outros segmentos
Com três hospitais particulares como clientes em três estados diferentes (São
Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais), a Neoprospecta também pretende atuar
em outras frentes. Oliveira explica que atualmente a empresa trabalha com duas
plataformas: a Epiome, específica para uso hospitalar, e a Neobiome, que pode
ser usada em diversos segmentos. De acordo com ele, no setor alimentício, por
exemplo, uma empresa que fornece carne bovina normalmente colhe as amostras de
somente uma entre 15 carcaças de boi que serão comercializadas, o que aumenta o
risco de contaminação do alimento. “Com a nossa plataforma, é possível aumentar
a intensidade desse controle de qualidade, analisando todas as carcaças com
custo e tempo menores”.
Até
o ano que vem, conta o executivo, a Neoprospecta pretende começar a
comercializar kits de coleta e análise para pessoas físicas e pequenas
empresas: “a ideia é que o usuário final encomende o material pela internet,
faça a coleta e receba a análise de forma digital”.