Bióloga mineira quer reciclar bitucas de cigarro e transformar em porta-copos: Bióloga Bárbara Sales, de 26 anos, transforma bitucas de cigarro em porta-copos. O trabalho foi apresentado o durante a 7ª ExpoCatadores, em Belo Horizonte
(Por
Léo Rodrigues -
Correspondente da Agência Brasil - Edição: Graça Adjuto -
05/12/2016)
A
bióloga Bárbara Sales, de 26 anos, vem desenvolvendo uma pesquisa
para transformar as bitucas de cigarro em porta-copos. Ela apresentou
seu trabalho durante a 7ª
ExpoCatadores, em Belo Horizonte. O evento, organizado pelo
Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR),
começou no dia 28 e terminou no dia 30.
Atualmente
trabalhando como educadora ambiental no Instituto Inhotim, Bárbara
começou seu estudo, como projeto de final de curso, no Centro
Universitário Newton Paiva. Ela coletou manualmente as bitucas pelas
ruas da capital mineira e também disponibilizou um coletor em alguns
bares, onde os fumantes poderiam fazer o descarte do resto do cigarro
após o consumo.
Por
meio de testes e de revisão bibliográfica, a bióloga estabeleceu
um processo de reciclagem. "Eu deixei as bitucas de molho em um
componente químico por cerca de sete dias. Em seguida, o material
foi submetido a um cozimento a 200 graus e virou uma massa. Depois,
há um processo para deixar as partículas mais homogêneas, a
secagem e a confecção do porta-copo", explica.
De
acordo com levantamento da publicação Tobacco
Atlas,
da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5,8 trilhões de
cigarros foram consumidos em todo o mundo em 2014. O Brasil é
apontado como o maior mercado latino-americano do produto. Diante
desse cenário, o objetivo de Bárbara é promover a conscientização
ambiental dos fumantes. "Eu pensei no porta-copo por um
raciocínio simples. O público fumante geralmente frequenta bares.
Se esses bares e restaurantes oferecerem um produto feito a partir do
resto do cigarro que ele consome, esse público pode se conscientizar
e parar de jogar as bitucas nas ruas de forma inadequada".
Ainda
sem patrocínio para a pesquisa, Bárbara conta com o apoio do Centro
Universitário Newton Paiva, que lhe empresta os laboratórios mesmo
ela já tendo concluído a graduação. Sua pesquisa está agora
entrando na fase de análises químicas para verificar se ainda há
toxinas no porta-copo e como retirá-las. Ela também está fazendo
testescom outros reagentes para chegar a um produto final com mais
resistência e capacidade de absorção. A expectativa é de que o
porta-copo possa, futuramente, se tornar mercadoria e ser
comercializado com os bares.
A
iniciativa de reciclar bitucas não é inédita no Brasil. No
Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB), já existe uma
pesquisa com resultados cujo objetivo é transformar os restos do
cigarro em papel e, consequentemente, em cartões, convites de festas
e outros produtos de papelaria. O projeto obteve a parceria de um
empreendedor da cidade de Votorantim (SP) que abriu, em março deste
ano, uma usina na cidade paulista para a reciclagem de bitucas.
A
Rede Papel Bituca, gerida pelo Instituto SOS - Sistemas Organizados
para a Sustentabilidade - atua na capital paulista e também
transforma o resto do cigarro em papel. A iniciativa desenvolve ainda
ações de conscientização pelo descarte correto em shows.
Segundo estimativa da Rede Papel Bituca, cerca 34 milhões de bitucas
são descartadas diariamente nas ruas da Grande São Paulo. Cada uma
delas demoraria em média quatro anos para decomposição, gerando
problemas ambientais em metrópoles, florestas e campos.
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