UFF inicia pesquisa
de vacinação contra o HPV em meninos
(O
Fluminense, 23/05/2016)
O
HPV (vírus do papiloma humano) tem sido apresentado para a população geral como
causador do câncer de colo de útero, a doença mais prevalente após a
contaminação e a que mais mata. Esse vírus
é responsável por diversos tipos de câncer
e verrugas genitais que afetam não
só as mulheres como também os homens. No entanto, a conscientização e a
vacinação são voltadas no geral apenas para o público feminino. No Brasil, a
vacina é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a
13 anos. Com base nesses dados, o Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis e
o Laboratório de Virologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da
Universidade Federal Fluminense vão iniciar nessa semana um projeto de pesquisa
inédito no Brasil: a vacinação em meninos contra o HPV.
A
pesquisa será feita em pacientes do sexo masculino que residam na comunidade
Morro do Estado, em Niterói, com idades entre 11 e 17 anos. Esses garotos serão
acompanhados ao longo de dois anos através da coleta de amostras clínicas da
genitália e da boca por meio de raspagem e da vacinação feita em duas doses. O
estudo foi recém-aprovado pelo Comitê de Ética e fará parceria com a Associação
de Moradores do local.
A
vacina quadrivalente, que é a disponibilizada para a população e será aplicada
nos voluntários, imuniza contra os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18, sendo os dois
primeiros causadores de verrugas genitais e papilomas respiratórios e os dois
últimos responsáveis por lesões com potencial maligno (câncer). Algumas doenças
mais graves também são causadas pelos tipos 6 e 11 como o câncer de pênis, por
exemplo. O Brasil é um dos países com mais casos no mundo, cerca de mil pênis
são amputados por ano só no SUS por conta da doença.
“A
importância do estudo é fortalecer o trabalho de educação, saúde e prevenção
além de sensibilizar a população e o Ministério da Saúde para que estendam a
campanha de vacinação contra o HPV também para os meninos”, disse o professor
Mauro Romero Leal Passos, especialista em doenças sexualmente transmissíveis da
UFF.
Os
jovens serão vacinados no primeiro dia e a segunda dose será aplicada após seis
meses. Isso ocorrerá independente deles terem o vírus ou não, sendo monitorados
através das quatro raspagens coletadas ao longo do projeto. No caso do diagnóstico
laboratorial, serão usadas técnicas de biologia molecular que identificam o
vírus. “Nosso objetivo é ver se a vacina está realmente evitando a infecção
desses meninos. Mas serão necessários anos de pesquisa para identificarmos o
impacto na redução da doença maligna, que demora muito a se manifestar”, contou
a professora Silvia Maria Cavalcanti, professora do Departamento de
Microbiologia e Parasitologia da UFF.
A
imunização nos homens também é importante para as mulheres, já que o vírus é
sexualmente transmissível. A proposta da pesquisa é vacinar e acompanhar cerca
de 700 meninos dessa comunidade, um número sólido para o monitoramento. Com
isso, há a possibilidade da “imunização rebanho”, que protegerá também
parceiros sexuais desses garotos.
EVENTO HPV IN RIO
No
dia 13 de julho, no Windor Florida Hotel, localizado no bairro do Flamengo (Rio
de Janeiro-RJ) haverá o evento “HPV in Rio”. É um projeto do Setor de DST da
universidade em parceria com a Associação de DST do Rio de Janeiro que já
ocorre há alguns anos. O objetivo é dar visibilidade ao tema para o público
médico e a população em geral sobre as prevenções, diagnósticos e doenças
causadas pelo vírus HPV. O foco nesse ano serão as patologias causadas além do
câncer do colo de útero, dando importância à prevenção na população masculina.