Fumar
durante a gravidez pode causar problemas emocionais no bebê
(Veja.com.
07/10/2013)
Segundo nova pesquisa,
crianças expostas ao cigarro ainda no útero materno apresentam problemas do
neurodesenvolvimento e têm um risco maior de sofrer depressão e ansiedade. Fumar durante a gravidez,
independentemente do número de cigarros por dia, altera de forma negativa
o desenvolvimento cerebral do bebê, o que pode levar a uma série
de problemas comportamentais e emocionais ao longo da infância, como depressão
e ansiedade. Essa foi a conclusão de um estudo realizado na Holanda e publicado
nesta segunda-feira no periódico Neuropsychopharmacology.
CONHEÇA A PESQUISA
- Título original: Prenatal tobacco exposure and brain
morphology: a prospective study in young children
- Onde foi divulgada: periódico
Neuropsychopharmacology
- Quem fez: Hanan El Marroun, Marcus N.
Schmidt, Ingmar H.A. Franken, Vincent W.V. Jaddoe, Albert Hofman, Aad van
der Lugt, Frank C. Verhulst, Henning Tiemeier e Tonya
White
- Instituição: Centro
Médico da Universidade Erasmus, na Holanda
- Dados de amostragem: 113 crianças de seis a oito anos cujas mães fumaram durante a gravidez
- Dados de amostragem: 113 crianças de seis a oito anos cujas mães fumaram durante a gravidez
- Resultado: Filhos de
mulheres que continuaram fumando durante a gravidez apresentam um menor volume
de áreas importantes do cérebro e são mais propensos a sofrer depressão ou
ansiedade em comparação com crianças cujas mães abandonaram o cigarro na
gestação.
No artigo, os pesquisadores
explicam que o cigarro provoca estreitamento das veias da gestante que são
responsáveis por levar nutrientes e oxigênio ao feto. Com isso, o bebê acaba
recebendo uma quantidade de nutrientes e oxigênio menor do que
o necessário para um desenvolvimento considerado normal, o que acaba
comprometendo algumas áreas do cérebro.
Pesquisa — Para avaliar
os efeitos da exposição pré-natal ao tabaco, os cientistas reuniram um grupo de
113 crianças com idades entre seis e oito anos. As mães de 17 dessas crianças
haviam deixado de fumar quando souberam que estavam grávidas, mas o restante
manteve o hábito ao longo da gestação.
As crianças foram submetidas
a exames de ressonância magnética e tiveram seus comportamentos analisados. De
acordo com os resultados, as crianças cujas mães fumaram durante a gravidez, em
comparação com as outras, apresentavam, em geral, um menor volume de massa
cinzenta e branca no cérebro. A massa cinzenta é a parte do cérebro que possui
o corpo das células nervosas e inclui regiões envolvidas no controle
muscular, memória, emoções, fala e percepção sensorial, tais como ver e ouvir.
Já na massa branca, há fibras que conectam regiões envolvidas no processamento
das emoções, atenção, tomada de decisão e controle cognitivo.
A pesquisa ainda mostrou que
essas crianças também apresentavam mais problemas emocionais, como depressão e
ansiedade, do que aquelas cujas mães abandonaram o cigarro na gravidez. Na
opinião dos pesquisadores, esse trabalho é mais um a reforçar a importância do
fim do tabagismo durante a gravidez como forma de prevenir problemas do
neurodesenvolvimento no bebê.
Opinião do Especialista
Rosangela Garbers (Pediatra
e membro do Conselho Científico do Departamento de Neonatologia da Sociedade
Brasileira de Pediatria - SBP).
"Pela prática médica,
nós já sabemos que fumar prejudica o bebê. Os filhos de mulheres que fumaram
enquanto estavam grávidas geralmente nascem de 700 gramas a um quilo mais leves
do que os outros. Isso é muito ruim, pois é uma diferença grande para um
recém-nascido. E trata-se da perda de volume no cérebro.
O que não sabemos ainda
- e o que essa pesquisa ajuda a mostrar - são os efeitos a longo
prazo dessa perda de volume, qual o impacto no comportamento dessas
crianças. Vale lembrar também que o filho de uma fumante passiva está
sujeito aos mesmos efeitos que o filho de uma fumante ativa: se a grávida não
fuma, mas convive no mesmo ambiente que um fumante, e inala fumaça, as
consequências para o bebê serão as mesmas. Por isso, a grávida precisa tomar
muito cuidado."
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