quinta-feira, 22 de março de 2012

ARTIGO: RESPOSTA SEXUAL DA MULHER

RESPOSTA SEXUAL FEMININA
Arquivos De Sexologia De Magnus Hirschefeld
Curso 1. Traduzido Por Dr. Rui Malta


O único propósito deste resumo é fornecer a homens e mulheres alguma informação geral sobre os processo fisiológico que podem acompanhar a atividade sexual. As variações individuais devem ser esperadas. Ainda assim, as respostas básicas de uma mulher geralmente são as mesmas ao longo da sua vida, independentemente da atividade sexual que escolha.

1- Excitação

Não são apenas os homens, mas também as mulheres, que podem ficar excitados sexualmente de forma súbita, e algumas delas podem experimentar um ou mais orgasmos em poucos minutos. De fato, existem mulheres que atingem o orgasmo quinze a trinta segundos após o início do coito. No entanto, parece que as mulheres nas primeiras fases da excitação, são mais facilmente distraídas do que os homens, e dependem mais da estimulação física direta. Por esta razão, algumas mulheres parecem precisar de mais tempo para atingir o orgasmo durante o coito do que os seus parceiros do sexo masculino, cuja excitação é muitas vezes mantida e aumentada por fatores psicológicos. De forma geral, as mulheres são menos estimuladas por meras visões e sons, ou por fantasias eróticas ou antecipações.

* A vagina:
O crescendo da excitação sexual produz duas grandes alterações na vagina:
1. Ingurgitamento com sangue, i.e. tumescência
2. Alargamento dos 2/3 proximais do canal vaginal, i.e. um efeito em tenda.
* Tumescência:
Durante a excitação sexual, os órgãos sexuais tornam-se ingurgitados de sangue, i.e. tornam-se tumefactos (do lat. Tumescere: inchar). Nas mulheres, o primeiro e mais óbvio sinal de excitação sexual é a lubrificação da vagina. Em resposta a uma estimulação eficaz, as paredes vaginais começam a segregar um liquido claro que rapidamente fornece um revestimento húmido a toda a vagina de modo a preparar o coito. Sem esta lubrificação, a inserção do pénis na vagina poderia ser dolorosa para ambos os parceiros. (Nos homens, o sinal correspondente à tumefacção é a erecção do pénis. Em resumo, à medida que o pénis fica pronto para entrar na vagina, a vagina fica pronta para o receber).
* Efeito em tenda:
Com o continuar da excitação, os dois terços proximais da vagina aumentam tanto em tamanho como em largura, criando um efeito em tenda ou balão. (No seu estado não excitado, a vagina é um tubo colapsado, i.e. as paredes tocam-se). Ao mesmo tempo, existe uma alteração na coloração vaginal do vermelho habitual para um púrpura carregado, que se torna ainda mais escuro durante as fases seguintes.

2- Planalto
A fase de planalto não é mais do que a continuação da fase de excitação. A palavra planalto é usada indicar que um certo nível estável de excitação foi atingido, nível esse que depois é mantido por um tempo antes de se atingir o orgasmo.

* A vagina: Plataforma orgásmica
Durante esta fase, existe apenas um pequeno aumento do tamanho e largura dos dois terços proximais da vagina. Contudo, o seu terço distal fica congestionado com sangue. Como resultado, esta parte da vagina, que pode ter-se alargado durante a fase de excitação, agora estreita-se em cerca de 33%. Este terço distal, congestionado e apertado, da vagina foi chamado de “plataforma orgásmica” por Masters e Johnson.
* Os grandes e pequenos lábios
Enquanto que os grandes lábios não exibem mais alterações durante a fase de planalto, os pequenos lábios continuam a escurecer em cor, especialmente em mulheres que já deram à luz. Esta pronunciada mudança de cor é um sinal de que o orgasmo se avizinha.
* O clítoris
Uma vez atingido determinado patamar de excitação, o clítoris retrai-se no interior do prepúcio, tornando-se inacessível à estimulação direta pela mulher ou parceiro sexual. (No passado, nem sempre se considerou que esta retração do clítoris significa um aumento, e não uma diminuição, da excitação sexual).
* As glândulas vestibulares (de Bartholin)
As maiores glândulas vestibulares (de Bartholin), (que correspondem às glândulas bulbouretrais [de Cowper] no homem) podem segregar uma pequena quantidade de liquido durante a fase planalto ou no final da fase de excitação.
* Útero e Mamas
O útero é traccionado para cima em direcção ao abdómen, aumentando ainda mais em tamanho. As mamas também atingem a sua expansão máxima durante a fase planalto.
* “Flush” sexual e incremento da tensão muscular
O “flush” sexual, no caso de ter ocorrido, pode agora tornar-se mais intenso e atingir uma área maior. A tensão muscular voluntária e involuntária aumenta muito em todo o corpo. A frequência cardíaca e a tensão arterial aumentam, e a respiração torna-se mais rápida.

3- Orgasmo
O orgasmo [gr. Orgasmos: excitação com luxúria] é a libertação súbita da tensão muscular e nervosa no auge da excitação sexual. A experiência representa o prazer físico mais intenso que um ser humano é capaz de sentir, sendo basicamente o mesmo nas mulheres e nos homens. Um orgasmo dura apenas uns instantes e é experimentado como uma espécie de uma convulsão, ou melhor, uma série de convulsões que envolvem todo o corpo, conduzindo ao relaxamento completo.

* A vagina
Nas mulheres, o orgasmo começa com contracções fortes e rítmicas do terço distal da vagina, que Masters e Johnson chamaram de plataforma orgásmica. Estas contracções, que podem ser de três a quinze, repetem-se inicialmente em menos de um segundo, e à medida que se tornam mais fracas, em intervalos maiores.
* Útero e esfíncter anal
Quase em simultâneo, o útero começa a contrair-se. No entanto, as contracções uterinas são irregulares. Começam no topo e vão descendo em direcção à vagina, ao contrário das contracções na primeira fase do trabalho de parto. Os músculos do esfíncter anal também se podem contrair algumas vezes em simultâneo com a plataforma orgásmica.
* Tensão muscular, frequência cardíaca e tensão arterial
No geral, existe uma grande tensão arterial, não apenas na zona pélvica, mas também noutras partes do corpo, como o pescoço, braços, mãos, pernas, e pés. A frequência cardíaca e a tensão arterial sobem um pouco ainda mais do que na fase planalto, e a respiração torna-se muito rápida. A intensidade de todas estas reacções físicas depende, é claro, do grau e duração da tensão sexual.

Ejaculação?
Nos homens sexualmente maduros, o orgasmo é acompanhado de ejaculação de sémen. As mulheres não produzem sémen, e em forma de regra, não ejaculam. Contudo, existem excepções: em algumas mulheres, certas glândulas parauretrais (i.e. glândulas próximo da uretra) desenvolvem-se até um ponto em que produzem um liquido semelhante ao prostático, que pode ser expulso através da uretra durante as contracções musculares do orgasmo. Nestes casos, muito investigadores falam em “próstata feminina” e em ejaculação feminina.

Orgasmos múltiplos?
Como tem sido enfatizado repetidamente, as respostas sexuais são comparáveis em ambos os sexos. Enquanto que a experiência do orgasmo em si seja essencialmente a mesma em homens e mulheres, as ultimas parecem estar melhor equipadas para terem mais do que um orgasmo num curto espaço de tempo. Existem casos raros de homens, particularmente em idade jovem, que são capazes de vários orgasmos numa sucessão rápida. Contudo, esta capacidade é bastante comum nas mulheres. Existem mais uma diferença: enquanto que o padrão do orgasmo no homem praticamente nunca varia, as mulheres podem manifestar vários padrões possíveis. Nalgumas mulheres, o orgasmo é relativamente curto e ligeiro; noutras, é prolongado e violento. Mesmo a própria mulher pode achar-se a responder de maneira diferente consoante a ocasião. No entanto, os processos fisiológicos básicos subjacentes a estas variações possíveis permanecem os mesmos.

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