O uso da Oxigenoterapia Hiperbárica no tratamento de lesões de pele
Qui, 30 de Junho de 2011
Por Carla Francieli Hladczuk do Programa Proficiência - COFEN.
Segundo Jorge e Dantas (2005), lesão também chamada de ferida, é um processo patológico, uma agressão aos tecidos vivos, como a pele, que causa uma ruptura de sua continuidade anatômica ou funcional, resultando em dano ou morte celular. Existem causas físicas como o trauma mecânico, radiação, excesso de calor ou frio, e causas químicas como, por exemplo, exposição a ácidos, bases e produtos tóxicos. Algumas lesões não se regeneram espontaneamente, não respondem de forma satisfatória aos cuidados convencionais como os curativos, sendo necessária a utilização de outras formas de tratamento. Lesões em diabéticos, em cotos amputados comprometidos e úlceras por pressão são exemplos de feridas refratárias, ou seja, aquelas com difícil cicatrização.
A ferida pode ser avaliada por enfermeiros e/ou médicos especializados, devendo ser periódica. Na descrição da avaliação da ferida deve conter a localização, as dimensões (profundidade, tamanho, bordos), presença e característica do exsudato (caso exista), intensidade e característica da dor.
A conduta terapêutica dependerá de uma avaliação completa da lesão e do paciente, incluindo alimentação, ingesta hídrica, se o paciente é lesionado medular, restrito ao leito, diabético, etc. Todos esses aspectos juntos propiciam uma terapêutica mais precisa. Muitas vezes, o tratamento não corresponde às expectativas esperadas, por um certo retardo de cicatrização.
A cicatrização é um complexo processo sistêmico que exige do organismo a ativação, produção e inibição de grande número de componentes moleculares e celulares que auxiliam no processo de restauração tissular. A principal causa da não cicatrização dessas feridas é a interação de vários graus de hipoperfusão do tecido e infecção (fator de risco causado pela hipóxia). A hipóxia (baixo teor de oxigênio, abaixo de 20 mmHg) bloqueia o reestabelecimento da lesão.
Para tanto, o uso da oxigenoterapia hiperbárica pode restabelecer um micro-ambiente apropriado na lesão, fazendo com que o processo regenerativo seja estimulado. É indicado em diversas patologias agudas ou crônicas, de natureza isquêmica, infecciosa, traumática ou inflamatória. Atua sobre o processo mórbido, reduz ou elimina a necessidade de mutilações, a rejeição de enxertos, as cicatrizações deformantes das queimaduras e as longas internações hospitalares.
O oxigênio é um potente agente terapêutico, e, por isso, deve ser administrado como qualquer outra droga medicamentosa, levando em consideração seus limites terapêuticos, doses e efeitos adversos.
O potencial terapêutico da oxigenação hiperbárica decorre da absorção de altas doses de oxigênio, que pode compensar determinadas condições de hipóxia. A oxigenoterapia supre rapidamente o oxigênio em altas concentrações para as áreas afetadas por via sistêmica, resultando em um aumento significativo da oxigenação tissular ao redor da lesão.
A hiperoxigenação hiperbárica consiste na inalação de 100% de oxigênio em uma pressão superior ao valor da pressão atmosférica normal (nível do mar). Para que isso ocorra, é necessário que o paciente fique dentro de um compartimento devidamente selado e resistente à pressão, o que denominamos câmara hiperbárica. Existem câmaras utilizadas para um único paciente (câmara monopaciente) e outras para vários (câmara multipaciente). Na primeira, o oxigênio é pressurizado com ar comprimido diretamente em equipamentos de menor porte. Já na segunda, o equipamento é pressurizado também com ar comprimido, e o oxigênio a 100% é inalado através de máscaras, tendas ou respiradores.
A administração de oxigênio a 100% propicia saturação máxima da hemoglobina, aumento significativo de oxigênio livre, não ligado à hemoglobina que, dissolvido no plasma (até 2.000 mmHg), alcança os diversos tecidos do organismo. Nessas condições, observa-se uma rápida normalização dos processos de cicatrização das feridas e um combate efetivo a várias infecções.
A administração de oxigênio a 100% propicia saturação máxima da hemoglobina, aumento significativo de oxigênio livre, não ligado à hemoglobina que, dissolvido no plasma (até 2.000 mmHg), alcança os diversos tecidos do organismo. Nessas condições, observa-se uma rápida normalização dos processos de cicatrização das feridas e um combate efetivo a várias infecções.
São realizadas sessões às exposições breves de 60 a 90 minutos cada, em altas doses (de dois a 2,8 vezes a pressão normal), de forma intermitente (um ou duas sessões diárias) e por vários dias. São necessárias de 20 a 30 sessões para que se obtenham resultados significativos.
Para que o paciente faça uso do tratamento pela câmara hiperbárica é necessário um encaminhamento do médico especializado e a avaliação contínua da equipe de enfermagem. Existem alguns critérios para o uso: caracterizar a lesão como refratária ou de alto risco, e estabelecer o médico responsável para realização do desbridamento da área afetada. O critério que contraindica o tratamento é a presença de áreas necrosadas na lesão.
A equipe de enfermagem (auxiliares, técnicos e enfermeiros) pode intervir positivamente na prevenção das feridas realizando os cuidados de enfermagem como mudança de decúbito, "rolinhos" de conforto para áreas que possam entrar em atrito como os joelhos, melhorar a ingesta hídrica, utilizar hidratantes para áreas ressecadas, informar à família do paciente sobre os riscos das feridas entre outros aspectos.
A responsabilidade do enfermeiro que atua no tratamento de lesões de pele implica em conhecimento não apenas dos materiais atuais, mas no entendimento da fisiologia da cicatrização e de todas as etapas do processo de reparação tissular. Tais conhecimentos subsidiam o correto diagnóstico do enfermeiro e a seleção do tratamento mais adequado para a lesão. Já nas atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem em relação ao tratamento através da oxigenioterapia, pode-se relacionar instruções ao paciente que será inserido em uma câmara hiperbárica, o profissional capacitado pode operá-las, o enfermeiro como avaliador do processo de evolução da ferida e principalmente apoiar as atividades de pesquisas em saúde na área.
Referências:
* Blanes, L. Tratamento de feridas. Baptista-Silva JCC, editor. Cirurgia vascular: guia ilustrado. São Paulo: 2004. Disponível em: URL: http://www.bapbaptista.com. Acesso em 28 jun.2011
* (JORGE,S.A.; DANTAS,S.R.P.E.) Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas-São Paulo: Editora Atheneu, 2005;
* Oxigenoterapia hiperbárica no tratamento de feridas. Disponível em: http://www.feridologo.com.br/oxigenoterapia.htm. Acesso em 22 jun, 2011.
* Instituto de oxigenoterapia hiperbárica do Brasil. Disponível em http://www.iohbnet.com.br. Acesso em 22 jun. 2011.
* (JORGE,S.A.; DANTAS,S.R.P.E.) Abordagem multiprofissional do tratamento de feridas-São Paulo: Editora Atheneu, 2005;
* Oxigenoterapia hiperbárica no tratamento de feridas. Disponível em: http://www.feridologo.com.br/oxigenoterapia.htm. Acesso em 22 jun, 2011.
* Instituto de oxigenoterapia hiperbárica do Brasil. Disponível em http://www.iohbnet.com.br. Acesso em 22 jun. 2011.
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